December 14, 2005
Eva e Adão
(texto enviado pela minha grande amiga Cláudia Grigolon)
O que teria acontecido se o homem só tivesse sido criado a fim de que um único tipo de amor existisse, o materno?
Talvez assim Deus não teria permitido que a humanidade caísse em tentação... Ou seja, Eva bem que poderia ter nascido antes de Adão a fim de ser sua mãe e não sua amante. Que loucura! Já pensou? Ao invés de comerem maçã juntos debaixo da sombra de uma frondosa árvore, correriam pelo Paraíso em busca de uma serpente que fizesse números de contorcionismo para fazer o menino rir até cair em sono tranqüilo...
Talvez se Eva não tivesse tido a oportunidade de saber que dali a alguns milênios tudo voltaria aos princípios... Aos princípios, sim. Explico-me. Se Eva não tivesse sido fecundada por Adão, mas pelos ancestrais do anjo Gabriel, talvez hoje nem se ouvisse falar em engenharia genética...
Essa teoria virtual da expansão da raça humana poderia levar os mais céticos a questionar como seria possível termos chegado aqui, hoje, sãos, salvos e sob a mais absoluta semelhança divina, sem que tivesse havido a ciranda biológica que nos desencadeou. É muito simples. Se Lúcifer pôde ser um anjo caído e, partindo do princípio que Eva tenha sido criada antes que Adão, que chega ao Paraíso como seu filho, meia resposta já está dada.
A segunda metade baseia-se na hipótese de que Eva poderia ter tido a prerrogativa de ter escolhido para pai de Abel e Caim alguém que já tivesse tido a experiência de ter sido anjo um dia...
Nem mesmo Malthus acharia tenebrosa essa teoria.
Se a humanidade, descendente divina de forma direta, fosse além disso, descendente direta de Eva e de um ta-ta-ta-ta-ta-ta-...-ravô anjo, talvez o nome Adão nem existisse nos dicionários de nomes...
A utopia ainda é a maior perfeição já alcançada. O erro, a maior virtude, inclusive a divina, e o amor... O amor, dessa forma, o maior erro.
Por isso, rezo todas as noites e digo:
- Senhor, agradeço-vos por poder acertar e errar, amar e odiar numa mesma oração. Já que não sou Eva, nem Malthus, nem Aldous Huxley...
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