November 27, 2005
O que você daria? (Parte 1)
Falta menos de um mês até o Natal e isso me faz lembrar os 3 Reis Magos e os seus presentes: ouro, incenso e mirra. Se eles estivessem vivos e a cena bíblica fosse hoje em dia, na sua opinião quais seriam os três presentes „atualizados”? Aguardo seus comentários com muito interesse…
Desarmamento (uma visão histórica)
Maoris x Morioris (por György László Gyuricza)
Um bom exemplo das “vantagens” de se ter uma índole pacífica e de andar desarmado, é o seguinte fato histórico, fartamente documentado (Guns, Germs and Steel, Jared Diamond, Editora Vintage, 1998) ocorrido na região do Oceano Pacífico.
O povo moriori, habitante das Ilhas Chatham, 500 milhas a leste da Nova Zelândia, tinha uma tradição de séculos de independência, até dezembro de 1835.
Em 19 de novembro daquele ano, um navio carregando 500 maoris armados com lanças, machados e cacetetes, desembarcou na ilha, seguido em 5 de dezembro de uma nova leva de mais 400 maoris.
Assim que desembarcaram, os maoris montaram um acampamento protegido na praia, prevendo eventual fuga pelo mar, caso fossem rechaçados pelos morioris.
Uma vez em razoável segurança, enviaram grupos de maoris fortemente armados, aos assentamentos dos morioris, anunciando que estavam tomando posse da ilha e que doravante os morioris seriam seus escravos e teriam que obedecer em tudo que lhes fosse mandado, com a ameaça de matar todos aqueles que se opusessem.
Uma resistência organizada pelos morioris certamente teria vencido os maoris, que estavam em desvantagem numérica de dois para um. No entanto, os morioris tinham uma tradição de resolver suas disputas pacificamente. Assim, eles se reuniram em conselho, e decidiram não revidar e sim oferecer paz e amizade. Entregariam toda sua parca riqueza e, se necessário fosse, dividiriam de bom grado seus recursos com os novos amigos. A ilha era grande o suficiente, para acomodar de boa vontade todas as pessoas.
Assim que os moriori anunciaram sua oferta, os maoris exultaram de alegria. Pediram que o conselho enviasse os mais fortes morioris para o acampamento na praia, onde seriam realizados jogos de amizade e selada a paz entre os dois povos.
Assim que os morioris chegaram, desarmados obviamente, foram atacados em massa. No curso de algumas poucas horas, os maoris mataram centenas deles, e cozinharam e comeram a maioria dos corpos.
Vencida qualquer possível resistência, escravizaram os demais. No decorrer dos próximos anos praticamente toda a população adulta foi simplesmente devorada. As crianças reunidas em chiqueiros de engorda, foram consumidas aos poucos, como petisco. Somente as moças sobreviveram: tiveram o destino óbvio de servir de mulher e parir filhos para os novos donos da ilha.
Um sobrevivente moriori assim relatou o ocorrido: “Os maoris começaram a nos matar como ovelhas. Nós estávamos aterrorizados, refugiávamo-nos no mato, escondíamo-nos em buracos no subsolo e em qualquer lugar para escapar dos nossos inimigos. Mas nossos estratagemas não foram de grande proveito: éramos descobertos e mortos – homens, mulheres e crianças, indiscriminadamente”.
Um conquistador maori deu a seguinte explicação: “Não fizemos nada demais. Só tomamos posse da ilha. Capturamos toda a população. Nenhum escapou. Alguns tentaram se esconder, estes nós matamos, os outros também matamos, mas e daí? Agimos de acordo com nossos costumes – e eles eram mais fracos do que nós”.
É isso, amigos. Vamos entregar nossas armas e jamais reagir quando somos assaltados. A melhor política, segundo nossas “autoridades”, é sempre obedecer ao agressor. Sem dúvida eles vão exultar de alegria.
Antes que paire alguma dúvida sobre minha posição: sou absolutamente a favor do desarmamento dos bandidos. Assim que todos eles estiverem desarmados, aceito até falar sobre o que fazer com minha arma de fogo.
Quanto ao tratamento a ser dado aos bandidos, acho que dá para resolver o problema, mesmo sem pena de morte. Sou a favor de castrar todos eles, começando pelos meninos infratores da Febem. Acredito que a esmagadora maioria deles perderia a agressividade e deixaria de ser uma ameaça à população. E quais seriam as conseqüências se, de setenta milhões de brasileiros homens, duzentos, trezentos mil ficassem estéreis? Você vê alguma desvantagem? ... a não ser a de contrariar os defensores dos direitos humanos? Pena não poder enviá-los às Ilhas Chatham para negociar com os maoris.
Um bom exemplo das “vantagens” de se ter uma índole pacífica e de andar desarmado, é o seguinte fato histórico, fartamente documentado (Guns, Germs and Steel, Jared Diamond, Editora Vintage, 1998) ocorrido na região do Oceano Pacífico.
O povo moriori, habitante das Ilhas Chatham, 500 milhas a leste da Nova Zelândia, tinha uma tradição de séculos de independência, até dezembro de 1835.
Em 19 de novembro daquele ano, um navio carregando 500 maoris armados com lanças, machados e cacetetes, desembarcou na ilha, seguido em 5 de dezembro de uma nova leva de mais 400 maoris.
Assim que desembarcaram, os maoris montaram um acampamento protegido na praia, prevendo eventual fuga pelo mar, caso fossem rechaçados pelos morioris.
Uma vez em razoável segurança, enviaram grupos de maoris fortemente armados, aos assentamentos dos morioris, anunciando que estavam tomando posse da ilha e que doravante os morioris seriam seus escravos e teriam que obedecer em tudo que lhes fosse mandado, com a ameaça de matar todos aqueles que se opusessem.
Uma resistência organizada pelos morioris certamente teria vencido os maoris, que estavam em desvantagem numérica de dois para um. No entanto, os morioris tinham uma tradição de resolver suas disputas pacificamente. Assim, eles se reuniram em conselho, e decidiram não revidar e sim oferecer paz e amizade. Entregariam toda sua parca riqueza e, se necessário fosse, dividiriam de bom grado seus recursos com os novos amigos. A ilha era grande o suficiente, para acomodar de boa vontade todas as pessoas.
Assim que os moriori anunciaram sua oferta, os maoris exultaram de alegria. Pediram que o conselho enviasse os mais fortes morioris para o acampamento na praia, onde seriam realizados jogos de amizade e selada a paz entre os dois povos.
Assim que os morioris chegaram, desarmados obviamente, foram atacados em massa. No curso de algumas poucas horas, os maoris mataram centenas deles, e cozinharam e comeram a maioria dos corpos.
Vencida qualquer possível resistência, escravizaram os demais. No decorrer dos próximos anos praticamente toda a população adulta foi simplesmente devorada. As crianças reunidas em chiqueiros de engorda, foram consumidas aos poucos, como petisco. Somente as moças sobreviveram: tiveram o destino óbvio de servir de mulher e parir filhos para os novos donos da ilha.
Um sobrevivente moriori assim relatou o ocorrido: “Os maoris começaram a nos matar como ovelhas. Nós estávamos aterrorizados, refugiávamo-nos no mato, escondíamo-nos em buracos no subsolo e em qualquer lugar para escapar dos nossos inimigos. Mas nossos estratagemas não foram de grande proveito: éramos descobertos e mortos – homens, mulheres e crianças, indiscriminadamente”.
Um conquistador maori deu a seguinte explicação: “Não fizemos nada demais. Só tomamos posse da ilha. Capturamos toda a população. Nenhum escapou. Alguns tentaram se esconder, estes nós matamos, os outros também matamos, mas e daí? Agimos de acordo com nossos costumes – e eles eram mais fracos do que nós”.
É isso, amigos. Vamos entregar nossas armas e jamais reagir quando somos assaltados. A melhor política, segundo nossas “autoridades”, é sempre obedecer ao agressor. Sem dúvida eles vão exultar de alegria.
Antes que paire alguma dúvida sobre minha posição: sou absolutamente a favor do desarmamento dos bandidos. Assim que todos eles estiverem desarmados, aceito até falar sobre o que fazer com minha arma de fogo.
Quanto ao tratamento a ser dado aos bandidos, acho que dá para resolver o problema, mesmo sem pena de morte. Sou a favor de castrar todos eles, começando pelos meninos infratores da Febem. Acredito que a esmagadora maioria deles perderia a agressividade e deixaria de ser uma ameaça à população. E quais seriam as conseqüências se, de setenta milhões de brasileiros homens, duzentos, trezentos mil ficassem estéreis? Você vê alguma desvantagem? ... a não ser a de contrariar os defensores dos direitos humanos? Pena não poder enviá-los às Ilhas Chatham para negociar com os maoris.
November 25, 2005
Nosso "herói de dois mundos" é…
Giuseppe Garibaldi! Pesquisando a internet, os interessados poderão encontrar páginas e mais páginas sobre esse herói „multinacional”. Iluminarei portanto somente alguns pontos que a maioria talvez não conheça:
Nascido em 1807 em Nizza (hoje Nice, na França, então parte do reino da Sardenha-Piemonte), aos 26 anos já era capitão de navio. Um ano depois foi condenado à morte por motivos políticos e teve que fugir para a América do Sul.
No Brasil ingressou na Ordem Maçônica e teve participação destacada na Guerra dos Farrapos. Casou-se com a catarinense Ana Maria de Jesus Duarte Ribeiro, que deixou o marido sapateiro para segui-lo. Organizou a Legião Italiana em Montevidéu em 1843, de onde saíram os primeiros „Camisas Vermelhas” (em húngaro, Vörösingesek). A Legião foi essencial para evitar a tomada de Montevidéu pelos argentinos. Mesmo assim, na Argentina ele também é muito querido.
Em 1848 retornou à Europa (que fervia com revoltas por toda a parte) para lutar pela unificação italiana. Garibaldi conseguiu ocupar Roma com suas tropas, mas perdeu a guerra contra os franceses e os napolitanos. Na fuga de Roma sua esposa Anita Garibaldi morreu.
Seu segundo exílio iniciou-se no Marrocos, depois foi para os Estados Unidos e de lá para o Peru, onde exerceu outra vez seu ofício de capitão de navio mercante. Fez bons investimentos. Em 1854 voltou à Europa. Encontrou-se com o líder revolucionário húngaro Lajos Kossuth em Londres, início de uma longa amizade.
Um ano depois arrumou dinheiro repentinamente (provavelmente fruto dos investimentos mencionados há pouco) e comprou a Ilha de Caprera, perto da Sardenha.
Em 1860, sabendo que as coisas estavam fervilhando na Sicília, foi para lá com 1064 homens, entre os quais haviam 2 húngaros: István Türr e Lajos Tüköry. Após as primeiras vitórias seu exército cresceu em número a ponto de ocuparem Palermo (onde Tüköry morreu em batalha).
No final do mesmo ano ocupou Nápoles e propos armistício ao Rei Vitor Emanuel II, entregando-lhe o poder. Recusou honrarias, um castelo, o título de nobreza e a pensão vitalícia oferecidos pelo monarca. Retornou à sua ilha com um saco de farinha, um queijo, um pão, uma lata de arenques e quatro moedas de ouro.
Sua última participação como líder militar foi ao lado dos franceses contra a Prússia em 1870. Morreu em 1882, aos 74 anos, na sua casinha em Caprera, onde está enterrado.
Na Hungria ele também é um herói nacional. Quando Lajos Kossuth faleceu em Torino em 1894, o governo italiano providenciou um vagão especial para o transporte do caixão. A cada estação que o trem parava veteranos „camisas vermelhas” das tropas de Garibaldi aguardavam Kossuth em posição de sentido e saudavam-no com suas bandeiras rasgadas em batalha.
Pelo menos uma canção folclórica húngara fala do „chapéu de Garibaldi” e há um doce chamado „Fatia de Garibaldi”. Nosso herói nunca pisou em solo húngaro. Quando chamaram-no para participar das lutas contra os austríacos, ele respondeu: „eu costumo ser convidado pelo som de um canhão”.
Nascido em 1807 em Nizza (hoje Nice, na França, então parte do reino da Sardenha-Piemonte), aos 26 anos já era capitão de navio. Um ano depois foi condenado à morte por motivos políticos e teve que fugir para a América do Sul.
No Brasil ingressou na Ordem Maçônica e teve participação destacada na Guerra dos Farrapos. Casou-se com a catarinense Ana Maria de Jesus Duarte Ribeiro, que deixou o marido sapateiro para segui-lo. Organizou a Legião Italiana em Montevidéu em 1843, de onde saíram os primeiros „Camisas Vermelhas” (em húngaro, Vörösingesek). A Legião foi essencial para evitar a tomada de Montevidéu pelos argentinos. Mesmo assim, na Argentina ele também é muito querido.
Em 1848 retornou à Europa (que fervia com revoltas por toda a parte) para lutar pela unificação italiana. Garibaldi conseguiu ocupar Roma com suas tropas, mas perdeu a guerra contra os franceses e os napolitanos. Na fuga de Roma sua esposa Anita Garibaldi morreu.
Seu segundo exílio iniciou-se no Marrocos, depois foi para os Estados Unidos e de lá para o Peru, onde exerceu outra vez seu ofício de capitão de navio mercante. Fez bons investimentos. Em 1854 voltou à Europa. Encontrou-se com o líder revolucionário húngaro Lajos Kossuth em Londres, início de uma longa amizade.
Um ano depois arrumou dinheiro repentinamente (provavelmente fruto dos investimentos mencionados há pouco) e comprou a Ilha de Caprera, perto da Sardenha.
Em 1860, sabendo que as coisas estavam fervilhando na Sicília, foi para lá com 1064 homens, entre os quais haviam 2 húngaros: István Türr e Lajos Tüköry. Após as primeiras vitórias seu exército cresceu em número a ponto de ocuparem Palermo (onde Tüköry morreu em batalha).
No final do mesmo ano ocupou Nápoles e propos armistício ao Rei Vitor Emanuel II, entregando-lhe o poder. Recusou honrarias, um castelo, o título de nobreza e a pensão vitalícia oferecidos pelo monarca. Retornou à sua ilha com um saco de farinha, um queijo, um pão, uma lata de arenques e quatro moedas de ouro.
Sua última participação como líder militar foi ao lado dos franceses contra a Prússia em 1870. Morreu em 1882, aos 74 anos, na sua casinha em Caprera, onde está enterrado.
Na Hungria ele também é um herói nacional. Quando Lajos Kossuth faleceu em Torino em 1894, o governo italiano providenciou um vagão especial para o transporte do caixão. A cada estação que o trem parava veteranos „camisas vermelhas” das tropas de Garibaldi aguardavam Kossuth em posição de sentido e saudavam-no com suas bandeiras rasgadas em batalha.
Pelo menos uma canção folclórica húngara fala do „chapéu de Garibaldi” e há um doce chamado „Fatia de Garibaldi”. Nosso herói nunca pisou em solo húngaro. Quando chamaram-no para participar das lutas contra os austríacos, ele respondeu: „eu costumo ser convidado pelo som de um canhão”.
November 24, 2005
Qual o tamanho do seu pé?
Você já se confundiu, no meio de uma loja européia ou americana, ao encontrar quatro numerações diferentes gravadas na sola de um par de sapatos que gostaria de comprar? Milhares de pessoas, há décadas, gostariam de saber por quê nao existe uma tabela internacional e uniforme para medir esse acessório insubstituível. Em alguns países usam-se centímetros, noutros polegadas, os sistemas de conversão são confusos, enquanto nossa única preocupação é comprar um calçado confortável e durável para os nossos pés. Pior ainda se o nosso pé tiver uma medida intermediária. As estatísticas comprovam que, levando em conta o comprimento e a largura, existem aproximadamente 100 medidas diferentes de pés adultos. Os fabricantes não sabem e não querem solucionar esse problema, pois a confecção de números intermediários acarretaria custos adicionais de fabricação. Conseqüentemente, só a metade da população usa sapatos que sejam da medida exata do seu pé.
Pequenos industriários, comerciantes e estudiosos pediram ao Rei João I da Inglaterra (o famigerado João Sem Terra) na Magna Carta de 1215 que o governante uniformizasse os pesos e medidas do Império. Naquela época (não só hoje em dia) os governos trabalhavam de forma extremamente lenta, assim nada aconteceu até 1304, quando finalmente montaram um comitê para esse fim. Aparentemente porém o então Rei Eduardo I tinha preocupações maiores do que essa. Passaram-se mais 20 anos (!) e finalmente, em 1324, seu filho Eduardo II teve a brilhante idéia de medir o comprimento dos calçados com grãos de cevada. Três grãos colocados lado a lado formaram um inch (polegada), doze inch viraram um foot (pé) e 36 grãos de cevada tornaram-se o „padrão internacional” (pelo menos nos países de língua inglesa) para o comprimento de um pé. O comprimento de um grão de cevada é de aproximadamente 8,5 mm. Convenhamos, não é um método prático para se medir no século 21, mas o sistema persistiu.
Os franceses, alguns séculos depois, decidiram que eram mais inteligentes que os ingleses e que iriam inventar um método muito mais "lógico" que o deles. Criaram pois o "ponto de Paris", que mede 2/3 cm (6,666 mm), e padronizaram o sistema europeu de calçados, que estabelece que se dividirmos o comprimento da nossa forma (não do pé!) em milímetros por esse número mágico teremos a numeração do nosso sapato. Os fabricantes brasileiros, entretanto, decidiram que eles dividiriam o comprimento do pé, e não da forma, pelo número diabólico (6,666): é por isso que há uma diferença de dois números entre os dois sistemas de medição. Por exemplo, se o seu pé mede 26 cm então você é um „perfeito 39” no Brasil, mas aqui na Europa você compraria um calçado 41. Nao é uma loucura? Pois é mesmo!
Só para completar, eu gostaria de mencionar que, após inúmeras pesquisas, não consegui descobrir a lógica que regeu o nascimento dos "pontos de Paris". Perguntei a vários sapateiros, comerciantes e até proprietários de fábricas de sapatos, mas ninguém conseguiu me dar uma explicação concreta. Se alguém souber mais a respeito, sou todo ouvidos…
Pequenos industriários, comerciantes e estudiosos pediram ao Rei João I da Inglaterra (o famigerado João Sem Terra) na Magna Carta de 1215 que o governante uniformizasse os pesos e medidas do Império. Naquela época (não só hoje em dia) os governos trabalhavam de forma extremamente lenta, assim nada aconteceu até 1304, quando finalmente montaram um comitê para esse fim. Aparentemente porém o então Rei Eduardo I tinha preocupações maiores do que essa. Passaram-se mais 20 anos (!) e finalmente, em 1324, seu filho Eduardo II teve a brilhante idéia de medir o comprimento dos calçados com grãos de cevada. Três grãos colocados lado a lado formaram um inch (polegada), doze inch viraram um foot (pé) e 36 grãos de cevada tornaram-se o „padrão internacional” (pelo menos nos países de língua inglesa) para o comprimento de um pé. O comprimento de um grão de cevada é de aproximadamente 8,5 mm. Convenhamos, não é um método prático para se medir no século 21, mas o sistema persistiu.
Os franceses, alguns séculos depois, decidiram que eram mais inteligentes que os ingleses e que iriam inventar um método muito mais "lógico" que o deles. Criaram pois o "ponto de Paris", que mede 2/3 cm (6,666 mm), e padronizaram o sistema europeu de calçados, que estabelece que se dividirmos o comprimento da nossa forma (não do pé!) em milímetros por esse número mágico teremos a numeração do nosso sapato. Os fabricantes brasileiros, entretanto, decidiram que eles dividiriam o comprimento do pé, e não da forma, pelo número diabólico (6,666): é por isso que há uma diferença de dois números entre os dois sistemas de medição. Por exemplo, se o seu pé mede 26 cm então você é um „perfeito 39” no Brasil, mas aqui na Europa você compraria um calçado 41. Nao é uma loucura? Pois é mesmo!
Só para completar, eu gostaria de mencionar que, após inúmeras pesquisas, não consegui descobrir a lógica que regeu o nascimento dos "pontos de Paris". Perguntei a vários sapateiros, comerciantes e até proprietários de fábricas de sapatos, mas ninguém conseguiu me dar uma explicação concreta. Se alguém souber mais a respeito, sou todo ouvidos…
Seu sangue é magyar?
A Associação Húngara está em campanha para achar o maior número possível de descendentes de húngaros no Brasil.
Em 2006 a associação realizará grandes eventos para comemorar o 50º Baile Húngaro, o 50º aniversário da Revolução Húngara de 1956, e o 80º da entidade.
Caso seu sangue seja piros-fehér-zöld, por favor, envie esta informação para seus parentes e peça que se cadastrem. Nenhum uso comercial ou político será feito com a lista de e-mails, que permanecerá sob a tutela da Associação Húngara.
As informações podem ser enviadas diretamente pelo site:
http://www.ahungara.org.br/
Em 2006 a associação realizará grandes eventos para comemorar o 50º Baile Húngaro, o 50º aniversário da Revolução Húngara de 1956, e o 80º da entidade.
Caso seu sangue seja piros-fehér-zöld, por favor, envie esta informação para seus parentes e peça que se cadastrem. Nenhum uso comercial ou político será feito com a lista de e-mails, que permanecerá sob a tutela da Associação Húngara.
As informações podem ser enviadas diretamente pelo site:
http://www.ahungara.org.br/
November 22, 2005
Lógica da Argumentação
Quem é nosso herói?
Há um personagem de destaque na História do Brasil que participou também da História da Hungria, tanto é que uma antiga canção militar exalta o seu nome. Ele foi honrado com estátuas nos dois países. Aqui em Budapeste seu busto pode ser visto no Múzeumkert. Se eu contar onde está sua estátua no Brasil, fica fácil...
Nasceu em Nice (França) e disse: „Cada vez que sou chamado a salvar pessoas, jamais tenho dúvidas em arriscar a minha própria vida”.
Quem será nosso herói?
Duas almas
Como este blog é intitulado „Gábor e seus amigos”, convido todos vocês a mandarem
textos interessantes, como o que segue:
(por György László Gyuricza)
"Zwei Seelen wohnen, ach! in meiner Brust,
Die eine will sich von der andern trennen;
Die eine hält, in derber Liebeslust,
Sich an die Welt mit klammernden Organen;
Die andere hebt gewaltsam sich vom Dust
Zu den Gefilden hoher Ahnen." ( Goethe )
Lembrei-me desses versos de Goethe em Faust (vol. 1) pois estou escrevendo um conto relacionado com o assunto e queria ilustrá-lo com a citação do filósofo alemão. Fui até a estante, peguei o original e o transcrevi para o papel, exatamente como vocês estão vendo aí em cima.
Considerando que a grande maioria dos leitores não fala alemão ou fala sem a profundidade suficiente para compreender versos escritos há mais de duzentos anos num alemão antigo e pomposo, peguei da caneta e, tentando ser o mais fiel possível às palavras do autor, fiz a seguinte tradução:
Duas almas moram, ah, em meu peito
Uma quer, da outra, separar-se;
Uma, em rude volúpia carnal,
apega-se com unhas e dentes aos prazeres mundanos;
a outra ergue-se violentamente das brumas
para a região do elevado saber.
Achei que ficou muito boa. Alguns dias depois, matutando sobre o assunto, concluí que estava sendo terrivelmente pretensioso em achar que com o auxílio da memória (estudei estes versos na escola há mais de quarenta anos) e de um dicionário moderno conseguira desvendar todas as sutilezas destas estrofes do poeta maior da Alemanha.
Resolvi pesquisar o assunto mais a fundo e com a inestimável ajuda de Frau Jutta do Goethe Institut/RJ e de alguns sites da Internet, obtive diversas traduções muito mais abalizadas do que a minha.
Todavia, ao invés de o assunto ter sido esclarecido definitivamente, mais dúvidas surgiram e agora, sinceramente, não sei mais por onde prosseguir.
Tenho certeza que quem melhor traduziu as intenções do autor foi meu irmão Gábor, em sua versão do Fausto Nordestino:
Duas almas, óxente, amancebaram-se no meu peito,
uma tá arretada com a outra, mode não querer mais ficar junto, não
uma só pensa em se agarrar e transar o dia inteiro
a outra em se arribar da poeira - e ficar matutando besteira.
Mas não é esse o ponto fulcral. Pelas duas versões acima, acho que não resta dúvida quanto ao conteúdo do que Goethe quis dizer. A questão que se coloca, é como traduzir para o português do Brasil, sem invencionices e falsa erudição, algumas poucas palavras, aparentemente corriqueiras da língua alemã.
Se você quer me ajudar na tradução definitiva, não precisa saber falar alemão, basta conferir o que eu garimpei até agora e me enviar a sua versão.
Zwei Seelen wohnen, ach! in meiner Brust,
Die eine will sich von der andern trennen;
Duas almas moram, ah, em meu peito,
uma, da outra, deseja separar-se;
Duas almas tenho em meu coração,
uma da outra a querer se separar:
Vivem-me duas almas, ah! no meu seio,
querem trilhar em duas opostas sendas;
Duas almas, oh! moram dentro do meu peito,
e aí lutam por um indivisível reino;
Duas almas habitam no meu peito,
uma da outra separar-se anseia:
Duas almas convivem em meu peito,
uma tenta se dividir da outra;
Neste meu peito, guardo duas almas:
uma a querer separar-se da outra.
Duas almas ah! moram dentro de mim,
e cada uma delas quer se separar da outra
No meu corpo há duas almas em competição,
anseia cada qual da outra se apartar.
Die eine hält, in derber Liebeslust,
Sich an die Welt mit klammernden Organen;
Uma rude me arrasta aos prazeres da terra
e se apega a este mundo com anseios redobrados;
Uma, ardente de amor, se prende ao mundo,
por meio dos órgãos corporais;
Uma no mais vivo prazer de viver,
se prende ao mundo com órgãos tenazes;
A primeira, num prazer carnal primitivo,
se apega ao mundo com seus orgãos aderentes;
Uma com órgãos materiais
se aferra amorosa e ardente ao mundo físico;
Uma aspira pela terra, com vontade apaixonada;
às íntimas entranhas ainda está ligada.
Uma se agarra, com sensual enleio e órgãos de ferro,
ao mundo e à matéria:
Uma apega-se, em paixão rasteira,
com todos os seus orgãos às matérias;
Uma, em rude volúpia sensual,
se agarra ao mundo com toda a avidez dos sentidos.
Die andere hebt gewaltsam sich vom Dust
Zu den Gefilden hoher Ahnen.
A outra ergue-se violentamente das trevas
para os campos do alto saber
A outra ergue-se violentamente das brumas
para a região dos altos pensamentos
A outra quer erguer-se da poeira
E subir ao reino da sua origem etérea.
Acima das névoas, a outro aspira, de certeza,
com ardor sagrado por esferas onde reine a pureza.
Outra quer ensofrida remontar-se
de sua excelsa origem às alturas
A segunda se eleva energicamente da poeira
para os campos de seus nobres antepassados.
A outra se ergue, com força, do pó
aos campos dos sentimentos elevados
Outra ascende nos ares; nos espaços erra,
aspira à vida eterna e a seus antepassados
Um movimento sobrenatural arrasta a outra para longe das trevas,
rumo à alta morada de nossos avós!
Muito bem… quem se habilita a ajudar meu irmão György?
To be Hungarian is not enough
Outro dia alguém comentou, que „Hollywood sempre foi repleta de húngaros.”
Fiz uma rápida pesquisa e aqui vai uma lista dos húngaros ou descendentes que passaram por lá: Johnny Weissmüller (Tarzan), Béla Lugosi (Conde Drácula), o imortal Tony Curtis, Adolf Zukor (fundador da Paramount), Leslie Howard (de E o Vento Levou...), Zsa Zsa Gábor, o diretor George Cukor (My Fair Lady), Peter Lorre, Adrien Brody, o diretor Michael Curtiz (Casablanca), Drew Barrymore, Paul Newman, Goldie Hawn, John Derek (marido da Bo Derek), o fundador da Fox Filmes William Fox, Joe Pasternak, Emeric Pressburger (Oscar por melhor roteiro em 1942), o compositor Miklós Rózsa (ganhou 3 Oscars – Ben Hur, por exemplo), William S. Darling, George Pál (Oscars por efeitos especiais), Géza Herczeg, Paul Lucas, John S. Toldy (Oscar por melhor roteiro em 1940), os diretores Vincent Korda (Oscar pelo Ladrão de Bagdá), István Szabó (Coronel Redl e Mephisto), Andrew Vajna (Rambo, Evita), Joe Eszterhas (Flashdance), Ferenc Rófusz (pela animação de A Mosca), László Kovács, fotógrafo do filme Easy Rider e Vilmos Zsigmond pelos Encontros Imediatos de Terceiro Grau. Os menos conhecidos Robert Pirosh, Marcell Vértes, Alexander Trauner, Joseph Kiss, Zoltán Elek, Attila Szalay e Zsuzsa Böszörményi também: todos ganharam Oscars.
Isso sem falar que tanto Goldwyn quanto Mayer eram judeus húngaros e diziam naquela época que o único não-húngaro de Hollywood era o leão...
Do mundo da música menciono Paul Simon (!), Alanis Morissette (que canta em húngaro também), Mark Knopfler (Dire Straits) e Gene Simmons (guitarrista do extinto Kiss).
Dizem que no escritório de Adolf Zukor havia uma placa para os que estavam procurando emprego, que dizia: TO BE HUNGARIAN IS NOT ENOUGH. Mas alguém rabiscou embaixo: „…but it helps…”
E para terminar: Norman Macrea, editor-geral do Economist fez o seguinte comentário cínico: „Os húngaros criaram Hollywood bem antes de terem criado algo bem MENOS destrutivo: a bomba atômica”.
November 21, 2005
Aqui vai o gabarito...
Meus amigos e minhas amigas, posso estar redondamente enganado e vou continuar minhas pesquisas, mas meus ouvidos e olhos hunos acham que piros é um pouco mais claro e menos encorpado que o vörös. Como a Anna Barbara sabiamente notou, a cor piros não contém muita emoção, ela é mais „chapada”, infantil, enquanto o vörös é mais adulto, a cor tem „profundidade”, a pronúncia já é um beijo em si. Mas como toda regra, esta também tem exceção.
As respostas, portanto:
Folhas caídas – vörös, ou "vöröses" para ser mais exato = avermelhado
Roupa do Papai Noel – piros, sem dúvida alguma, assim como o logotipo da Coca-Cola, que – caso voces não saibam – foi quem „criou” a roupa do Papai Noel desta cor numa campanha publicitária no início do século passado… e a moda pegou.
A Praça Vermelha é Vörös Tér, assim como tudo o que tem a ver com o proletariado e o Movimento Comunista (bandeiras de países de esquerda, nomes de clubes ou associações fundados no Século XX, a estrela vermelha, o lenço dos „pioneiros” e outros símbolos diversos).
O nariz de um bêbado é „piros orr” (pelo menos é o que me soa melhor) mas após uma pesquisa na internet descobri que „vörös orr” também já foi usado pelo escritor Jókai – e ele conhecia o húngaro muito bem... ;-) Sugiro portanto cancelar esta questão.
A vergonha estampada na cara certamente é „vörös”.
Uma gravata é piros mas não seria incorreto chamá-la de vörös. Suponho que as pessoas não o façam no dia-a-dia por que „vörös nyakkendő” (literalmente: gravata vermelha) denotava o lenço vermelho dos „pioneiros” (a versão comunista do escotismo), de formato triangular.
A Ferrari é piros, assim como qualquer outro veículo: trolebus, automóvel, bicicleta ou os bondes de Viena. Como todos sabem, em Budapeste os „villamos” são amarelos.
Tinta de caneta é piros, mas existe „vörös festék” com a qual você pintaria os lábios de alguém – ou um manto real – numa tela. Quando um aluno primário faz algo de BOM na sala de aula, ele recebe um „piros pont” da professora, isto é, um pontinho vermelho que ela desenha carinhosamente na caderneta.
O esmalte de unhas é – na maioria das vezes – vörös, assim como lábios vermelhos são „vörös ajkak” mas, por incrível que pareça, você geralmente compra um batom piros. Notem que batom em húngaro é „rúzs”, que vem do francês rouge.
Botas são piros (essa foi a primeira pegadinha) e o termo „piros csizma” é muito comum nos contos de fadas ou canções folclóricas.
Um cinto, uma bolsa ou um casaco de couro também seriam todos piros.
Dragão Vermelho é Vörös Sárkány, a chama (láng) que sai da boca de um dragão também é vörös, mas sabemos que o simples fogo (tűz) é piros. Vai entender…
Telha é „piros cserép”, mas aqui está novamente „meu ouvido falando mais alto”. Posso estar enganado.
Botão (tanto o de apertar, como o da camisa) é piros.
Tomates e morangos são piros, assim como cerejas.
Vinho é sempre „vörösbor”.
Cartão vermelho é „piros lap”.
As luzinhas piscantes num equipamento médico são piros, mas a luz infravermelha é infravörös.
Aqui vem a segunda pegadinha: embora o sangue seja piros, os glóbulos vermelhos são „vörös vérsejtek” onde vér = sangue, sejt(ek) = célula(s). Não me perguntem o porquê. Aliás, para confundir ainda mais, se alguém quiser realçar que algo é BEM vörös (bem vivo), ele usa o termo „vérvörös”.
Papel de presente é piros.
Consultei um dicionário húngaro-inglês e achei as seguintes definições:
Piros = red
Piros arc = rosy face
Pirosbetűs ünnep = Red-letter day (feriado)
Ajkat (vagy arcot) pirosít = to put on lipstick (or rouge)
Pirosság = redness, pinkness (!)
Vörös = red, crimson, ruby, ruddy, flushed
Vörös posztó = red rag (to the bull) = o pano vermelho do toureiro
Vörösödik = to blush
Vörös Tenger = Red Sea = Mar Vermelho
Vörösréz = copper = cobre (isso explica os cabelos ruivos serem vörös, certo?)
Se tiverem um tempinho, visitem o dicionário online
http://szotar.sztaki.hu/magyar-angol
que tem 106 verbetes para „vörös” e 39 para „piros”.
Quem vai jantar comigo, afinal?
As respostas, portanto:
Folhas caídas – vörös, ou "vöröses" para ser mais exato = avermelhado
Roupa do Papai Noel – piros, sem dúvida alguma, assim como o logotipo da Coca-Cola, que – caso voces não saibam – foi quem „criou” a roupa do Papai Noel desta cor numa campanha publicitária no início do século passado… e a moda pegou.
A Praça Vermelha é Vörös Tér, assim como tudo o que tem a ver com o proletariado e o Movimento Comunista (bandeiras de países de esquerda, nomes de clubes ou associações fundados no Século XX, a estrela vermelha, o lenço dos „pioneiros” e outros símbolos diversos).
O nariz de um bêbado é „piros orr” (pelo menos é o que me soa melhor) mas após uma pesquisa na internet descobri que „vörös orr” também já foi usado pelo escritor Jókai – e ele conhecia o húngaro muito bem... ;-) Sugiro portanto cancelar esta questão.
A vergonha estampada na cara certamente é „vörös”.
Uma gravata é piros mas não seria incorreto chamá-la de vörös. Suponho que as pessoas não o façam no dia-a-dia por que „vörös nyakkendő” (literalmente: gravata vermelha) denotava o lenço vermelho dos „pioneiros” (a versão comunista do escotismo), de formato triangular.
A Ferrari é piros, assim como qualquer outro veículo: trolebus, automóvel, bicicleta ou os bondes de Viena. Como todos sabem, em Budapeste os „villamos” são amarelos.
Tinta de caneta é piros, mas existe „vörös festék” com a qual você pintaria os lábios de alguém – ou um manto real – numa tela. Quando um aluno primário faz algo de BOM na sala de aula, ele recebe um „piros pont” da professora, isto é, um pontinho vermelho que ela desenha carinhosamente na caderneta.
O esmalte de unhas é – na maioria das vezes – vörös, assim como lábios vermelhos são „vörös ajkak” mas, por incrível que pareça, você geralmente compra um batom piros. Notem que batom em húngaro é „rúzs”, que vem do francês rouge.
Botas são piros (essa foi a primeira pegadinha) e o termo „piros csizma” é muito comum nos contos de fadas ou canções folclóricas.
Um cinto, uma bolsa ou um casaco de couro também seriam todos piros.
Dragão Vermelho é Vörös Sárkány, a chama (láng) que sai da boca de um dragão também é vörös, mas sabemos que o simples fogo (tűz) é piros. Vai entender…
Telha é „piros cserép”, mas aqui está novamente „meu ouvido falando mais alto”. Posso estar enganado.
Botão (tanto o de apertar, como o da camisa) é piros.
Tomates e morangos são piros, assim como cerejas.
Vinho é sempre „vörösbor”.
Cartão vermelho é „piros lap”.
As luzinhas piscantes num equipamento médico são piros, mas a luz infravermelha é infravörös.
Aqui vem a segunda pegadinha: embora o sangue seja piros, os glóbulos vermelhos são „vörös vérsejtek” onde vér = sangue, sejt(ek) = célula(s). Não me perguntem o porquê. Aliás, para confundir ainda mais, se alguém quiser realçar que algo é BEM vörös (bem vivo), ele usa o termo „vérvörös”.
Papel de presente é piros.
Consultei um dicionário húngaro-inglês e achei as seguintes definições:
Piros = red
Piros arc = rosy face
Pirosbetűs ünnep = Red-letter day (feriado)
Ajkat (vagy arcot) pirosít = to put on lipstick (or rouge)
Pirosság = redness, pinkness (!)
Vörös = red, crimson, ruby, ruddy, flushed
Vörös posztó = red rag (to the bull) = o pano vermelho do toureiro
Vörösödik = to blush
Vörös Tenger = Red Sea = Mar Vermelho
Vörösréz = copper = cobre (isso explica os cabelos ruivos serem vörös, certo?)
Se tiverem um tempinho, visitem o dicionário online
http://szotar.sztaki.hu/magyar-angol
que tem 106 verbetes para „vörös” e 39 para „piros”.
Quem vai jantar comigo, afinal?
November 20, 2005
Afinal, será piros ou vörös?
Pessoal… como o final de semana está aí e todo mundo quer se divertir, aqui vai um teste. Quem acertar dezoito (ou mais!) questões ganha um jantar quando vier a Budapeste! É só „chutar” 22 vezes se você acha que é „vörös” ou „piros”:
Aqui em Budapeste o outono está terminando e as folhas avermelhadas (……) das árvores já estão todas no chão. O Natal está quase aí e o Papai Noel também, que aqui se chama Mikulás. A roupa do bonachão será sempre (……), mesmo que ele entregue os presentes em Moscou, onde a Praça Vermelha é (……). Uma das renas, a que bebe aguardente, tem o nariz (……) e quando é surpreendida tomando umas e outras, fica (……) de vergonha. Se o Papai Noel for a uma reunião de negócios e tiver que colocar uma gravata, esta será (……). Obviamente ele não poderá chegar de trenó na reunião, só de Ferrari, que é (……). E a caneta esferográfica com a qual ele vai sublinhar os erros do contrato contém tinta (……). Digamos, que saindo da reunião ele descobriu que roubaram o seu automóvel e teve de seguir viagem de trolebus, que é (……). Lá o Papai Noel viu uma bela moça que usava esmalte (……) nas unhas e calçava lindas botas de cor (……). Convidou-a para jantar num restaurante chinês chamado Dragão Vermelho (……… Sárkány), facilmente reconhecível pois no meio de tantos prédios naquela rua era a única casa com telhas (……). Antes de descerem do trolebus tiveram que apertar um botão (……) indicando a intenção de desembarcar. No restaurante comeram uma salada de tomates de cor (……), tomaram vinho (……) e degustaram morangos (……). Combinaram de se encontrar outras vezes. Foram a um jogo de futebol onde o juiz mostrou vários cartões (……) para os jogadores indisciplinados e como a moça era médica, levou-o ao hospital onde trabalhava para mostrar um novo equipamento que tinha acabado de chegar. Este tinha várias luzinhas (……) que piscavam sem parar, mas continha também uma lâmpada de luz infravermelha (infra………). Conversaram longamente sobre os glóbulos vermelhos (……) do sangue e logo em seguida o Papai Noel se despediu e partiu, pois tinha que distribuir os presentes embrulhados em papel (……)... Tá fácil, né??
Pesquisando os vermelhos...
Fiz uma rápida pesquisa sobre o uso do piros e do vörös. Peço que vocês aí no Brasil tentem achar alguma lógica na lista que segue pois eu não achei nenhuma… por enquanto. Uma raposa, um cachorro ou a penugem de uma ave será sempre vörös. Lábios com batom podem ser tanto piros como vörös, embora neste caso a palavra „vörös” dê aos lábios uma conotação levemente sexy. Uma maçã é sempre piros, assim como a páprika = piros paprika. Mas um primo distante do nosso feijão roxinho aqui é chamado de vörösbab e existem dois tipos de cebola na Hungria: uma bem lilás e escura, apropriadamente chamada de lila hagyma, a outra (mais comum) é conhecida por vöröshagyma. Carne vermelha é vörös hús. A Cruz Vermelha é a Vöröskereszt, o tapete vermelho que recepciona pessoas ilustres é vörös szőnyeg, a estrela vermelha do PT é vörös, assim como uma das faixas horizontais na bandeira multicolorida do Movimento Gay também... Cabelos ruivos são vörös… mas lá no início eu já mencionei a cor ruiva da raposa, portanto aqui vejo uma associação. O efeito „olhos vermelhos” quando se tira uma foto com flash também é „vörös szem”, suponho que por causa do sangue. Agora… o vermelho de um semáforo é sempre piros, uma bola também, seja ela de plástico ou de bilhar. Uma flor pode ser de ambas as cores, mas uma vörös rózsa „contém mais emoção” que uma piros rózsa, pelo menos para os meus ouvidos hunos… Um automóvel, uma bicicleta ou uma lancha será sempre piros e os ovos de Páscoa pintados à mão são conhecidos como piros tojások, embora nos vilarejos – para que a cor fique uniforme – os ovos são guardados durante um dia numa água na qual a cebola foi cozida… e cebola é vörös, conforme já expliquei antes. A placa de PARE é piros, o fogo também é piros, o carro de bombeiro também. Frutas em geral são piros, mas frutas silvestres são vörös. Vocês vêm alguma analogia nisso tudo???
November 19, 2005
Quantos vermelhos existem?
Uma dica imperdível para quem quiser conhecer um pouco mais a língua magyar:
http://en.wikipedia.org/wiki/Hungarian_language
O parágrafo sobre „os dois vermelhos” é muito interessante. Uma rosa vermelha simbolizando o amor será sempre „vörös” enquanto a primeira faixa horizontal da bandeira húngara é chamada de „piros”. Curiosamente a bandeira da China é „vörös” assim como o vinho tinto é „vörösbor” e uma pessoa ruiva também é „vörös”. Se formos fuçar um pouco a origem dos dois quase-sinonimos descobriremos que vörös vem de veres = ensangüentado (vér = sangue) e que pír = rubor, conseqüentemente piros = ruborizado. Mas ainda não descobri qual a lei que rege o uso dos vermelhos por aqui. Só sei que o vermelho Coca-Cola sempre será piros, o graças a Deus para sempre extinto Exército Vermelho era chamado de Vöröshadsereg e – pasmem! – nosso sangue sempre será „piros”! (Em tempo: "piros" significa fogo em grego)... será que tem algo a ver?
November 18, 2005
O doce início
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