December 07, 2005
Luz azul
Como todos sabem, ou deveriam saber, um palíndromo é uma palavra que tenha a propriedade de poder ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. Exemplos: anilina, radar, mirim.
Uma frase também pode ser um palíndromo, mas só se mantiver o sentido. Estas são também chamadas de anacíclicas, do grego anakuklein, significando „que volta em sentido inverso, que refaz inversamente o ciclo”. Na opinião de Millôr Fernandes a palindromia é uma “arte neurótica e maravilhosa, capaz de envergonhar qualquer concretismo”.
Vejamos alguns exemplos: Roma é amor. O teu drama é amar dueto. Seco de raiva, coloco no colo caviar e doces. A cara rajada da jararaca. Luza Rocelina, a namorada do Manuel, leu na Moda da Romana: anil é cor azul.
Rômulo Marinho afirma que os maiores palíndromos do idioma português são de sua autoria. Só conheço uma destas frases, de 83 letras:
„O Gal. Leno Roca, à porta da cidade, a portador relata fatal erro da tropa e dá dica da tropa a Coronel Lago”, mas Marinho diz que já compôs uma de 478 letras e 173 palavras (infelizmente, ainda não tive o prazer de conhecê-la).
Em francês: Esope reste ici et se repose.
Em latim: Roma tibi subito motibus ibit amor.
Em húngaro: Géza, kék az ég.
Em inglês existem centenas, mas a que eu mais gosto é a que foi feita em homenagem a Theodore Roosevelt pela construção do Canal do Panamá:
A MAN, A PLAN, A CANAL: PANAMA.
Mas, adivinhem de quem é o recorde? Acertaram! De um enxadrista húngaro chamado Gyula Breyer (1893-1921), que compôs a seguinte carta de amor no início do século passado:
Nádasi K. Ottó Kis-Adán, májusi szerdán e levelem írám.
A mottó: Szívedig íme visz írás, kellemest író!
Színlelő szív rám kacsintál! De messzi visz szemed… Az álmok (ó csaló szirének ezek, ó csodaadók) elé les.
Írok íme messze távol. Barnám! Lám e szívindulat Öné. S ím e szív, e vér ezeket ereszti ki:
Szívem! Íme leveled előttem, eszemet letevő! Kicsike! Szava remegne ott? – Öleli karom át, Édesem! Lereszket évaszív rám. Szívem imád s áldozni kér réveden – régi gyerekistenem. Les ím. Előtte visz szíved is. Ég. Érte reszketek, szeret rég és ide visz. Szívet – tőlem is elmenet – siker egy ígérne, de vérré kínzod (lásd ám: íme visz már, visz a vétek!) szerelmesedét.
Ámor (aki lelőtt ó engem, e ravasz, e kicsi!) Követeltem eszemet tőled! E levelem íme viszi…
Kit szeretek ezer éve, viszem is én őt, aludni viszem. Álmán rablóvá tesz szeme. Mikor is e lélekodaadó csók ezeken éri, szól: A csókom láza de messzi visz!… Szemed látni csak már!… Visz ölelni!… Szoríts!…
Emellek Sári szívemig. Ide visz
Ottó
Ma már ím e levelen ádresz is új ám: Nádasi K. Ottó Kis-Adán.
Não vou traduzir o longo texto para o português, mas acreditem: é genial!
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9 comments:
Não! Só acredito vendo! Mas não precisa ser em palíndromo não... (agora já sei o que é palíndromo ;-))
Socorram me, subi no onibus, em Marrocos
Junia, aquele "não sou chata" lá em cima não foi endereçado a vc, não :-))) É de uma assídua freqüentadora "anonima" deste blog que eu chamei de "chata" alguns minutos antes!
Gyuri, eu não quis mencionar este palíndromo porque todo mundo o conhece... mas aqui entre os comentários ele cabe. Obrigado!
Aqui vai o meu protesto quanto a tradução do texto ...afinal nem todos os frequentadores do seu blog são exímios poliglotas, principalmente em se tratando da língua húngara!!! Então não custa fazer a alegria dos seus leitores!!! rsrsrsrrs Tem muita gente na espectativa.....pode acreditar!!!! Lembre-se sempre que isso é de suma importância para a humanidade!! rsrsr
"Até Reagan sibarita tira bisnaga ereta", pro Pasquim;
"Acuti belli, mille, Bituca!", em italiano, para o Milton Nascimento.
Escritos pelo exímio criador de palíndromos... Chico Buarque :-) que, imagino, iria adorar saber que em húngaro existe esse tao grandao aí do blog!!
Anna (que belo palíndromo)... como vc o conhece (ou pelo menos já o viu de perto) mande o texto para ele, oras! :-)) Tenho certeza que a Cora deve saber como contactá-lo. Ou procure a Kriska lá em Újpest :-))
Aqui vai mais um em húngaro, para quem curte: Kis erek mentén, láp sík ölén, oda van a bánya rabja, jaj Baranyában a vadon élő Kis Pálnét nem keresik.
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