December 23, 2005
Feliz Natal a todos
Caros amigos!
É um prazer receber tantos comentários e emails, eu nem imaginava que fosse tão gostoso ter um blog.
Hoje vim só para desejar Boas Festas a todos e apresentar meus 4 filhotes maravilhosos: Mikolt (quase 21), Zsolt (quase 17), Dóra (11) e Péter (10 na semana que vem). Ano que vem eu apareço por aqui de novo!
December 14, 2005
Eva e Adão
(texto enviado pela minha grande amiga Cláudia Grigolon)
O que teria acontecido se o homem só tivesse sido criado a fim de que um único tipo de amor existisse, o materno?
Talvez assim Deus não teria permitido que a humanidade caísse em tentação... Ou seja, Eva bem que poderia ter nascido antes de Adão a fim de ser sua mãe e não sua amante. Que loucura! Já pensou? Ao invés de comerem maçã juntos debaixo da sombra de uma frondosa árvore, correriam pelo Paraíso em busca de uma serpente que fizesse números de contorcionismo para fazer o menino rir até cair em sono tranqüilo...
Talvez se Eva não tivesse tido a oportunidade de saber que dali a alguns milênios tudo voltaria aos princípios... Aos princípios, sim. Explico-me. Se Eva não tivesse sido fecundada por Adão, mas pelos ancestrais do anjo Gabriel, talvez hoje nem se ouvisse falar em engenharia genética...
Essa teoria virtual da expansão da raça humana poderia levar os mais céticos a questionar como seria possível termos chegado aqui, hoje, sãos, salvos e sob a mais absoluta semelhança divina, sem que tivesse havido a ciranda biológica que nos desencadeou. É muito simples. Se Lúcifer pôde ser um anjo caído e, partindo do princípio que Eva tenha sido criada antes que Adão, que chega ao Paraíso como seu filho, meia resposta já está dada.
A segunda metade baseia-se na hipótese de que Eva poderia ter tido a prerrogativa de ter escolhido para pai de Abel e Caim alguém que já tivesse tido a experiência de ter sido anjo um dia...
Nem mesmo Malthus acharia tenebrosa essa teoria.
Se a humanidade, descendente divina de forma direta, fosse além disso, descendente direta de Eva e de um ta-ta-ta-ta-ta-ta-...-ravô anjo, talvez o nome Adão nem existisse nos dicionários de nomes...
A utopia ainda é a maior perfeição já alcançada. O erro, a maior virtude, inclusive a divina, e o amor... O amor, dessa forma, o maior erro.
Por isso, rezo todas as noites e digo:
- Senhor, agradeço-vos por poder acertar e errar, amar e odiar numa mesma oração. Já que não sou Eva, nem Malthus, nem Aldous Huxley...
Veríssimo
Meu irmão János ontem mesmo me disse que eu deveria ter explicado a última frase do artigo sobre os gansos, pois a piada não ficou clara. Será que alguém realmente acreditou que os avicultores húngaros enfiam as pobres aves n’água até morrerem?
...Um Gottes Willen!
Às vezes me pergunto se existe alguma técnica para quem deseja escrever com ironia? Vejam o que Luis Fernando Veríssimo respondeu: „É curioso. Os brasileiros estão acostumados com a ironia, nada mais comum do que duas pessoas que se amam se agredirem ironicamente, ou as pessoas dizerem o contrário do que realmente pensam, mas coloque-se isso num texto e o comum é as pessoas não entenderem. Esta é a maior ironia de todas. Se há uma técnica para escrever com ironia? Não, é só ser irônico, brasileiramente.”
A entrevista toda pode ser vista aqui:
http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=10953
Alguém tem alguma sugestão do que seja "ser irônico, brasileiramente"?
O que você daria? (Parte 2)
Recebi inúmeros emails e comentários dando sugestões de quais seriam as versões modernas do ouro, incenso e mirra caso os três reis magos estivessem vivos e tivessem que presentear o Menino Jesus na semana que vem.
Lenise Resende nos relata que „imagens dos reis magos só apareceram em presépios por volta de 1484” e que „o ouro representava o poder material, o incenso a nobreza e a amarga mirra significava o sacrifício que Jesus enfrentaria”.
Achei um pouco forçado, acho que é bem mais simples e pragmático: O ouro, obviamente, significava a riqueza. A mirra, que é uma resina aromática originária da Babilônia usada como perfume (e que se usa queimar nas igrejas em ocasião de festa ainda hoje) representava, na minha opinião, a vida espiritual. E o terceiro presente, que na realidade era um incenso chamado olíbano representava a saúde, pois é uma goma resina para aplicações tópicas em ferimentos.
Concluo portanto, que hoje em dia os presentes atualizados seriam um cartão de crédito „ouro”, uma consulta paga num psiquiatra e um plano de saúde mirrado.
Lenise Resende nos relata que „imagens dos reis magos só apareceram em presépios por volta de 1484” e que „o ouro representava o poder material, o incenso a nobreza e a amarga mirra significava o sacrifício que Jesus enfrentaria”.
Achei um pouco forçado, acho que é bem mais simples e pragmático: O ouro, obviamente, significava a riqueza. A mirra, que é uma resina aromática originária da Babilônia usada como perfume (e que se usa queimar nas igrejas em ocasião de festa ainda hoje) representava, na minha opinião, a vida espiritual. E o terceiro presente, que na realidade era um incenso chamado olíbano representava a saúde, pois é uma goma resina para aplicações tópicas em ferimentos.
Concluo portanto, que hoje em dia os presentes atualizados seriam um cartão de crédito „ouro”, uma consulta paga num psiquiatra e um plano de saúde mirrado.
December 09, 2005
Quando o ganso paga o pato
Desde o dia 11 de novembro até o Natal, ganso assado com batatas e repolho roxo é um prato festivo que não pode faltar nas mesas húngaras.
Diz a tradição, que quem não come ganso neste dia sentirá fome o ano todo = Aki Márton-napon libát nem eszik, egész éven át éhezik. Nos vilarejos os camponeses, examinando os ossos da ave, prevêem se o inverno terá bastante neve (ossos longos e bem clarinhos) ou só chuva e lama (ossos escuros e curtos).
Neste dia comemora-se o Dia de São Martinho (Szent Márton) e lendas envolvendo a vida deste santo deram origem a tradições que permanecem vivas até hoje em inúmeros países da Europa.
Nascido em 316 na Panônia, a Hungria de então, Martinho foi filho de um tribuno romano. Por ordem do pai, aos 15 anos entrou para a legião romana e, aos dezoito, já era soldado em Amiens, na França. No rigoroso inverno de 334, um mendigo cruzou o caminho de Martinho. O jovem soldado, que estava a cavalo, usando de sua espada cortou seu manto em dois, dando a metade ao pobre para que não sentisse frio. À noite, Cristo teria aparecido a Martinho em sonho, trajando a metade do manto ofertado algumas horas antes. O futuro padroeiro dos apreciadores de vinho (sabiam disso?) foi batizado logo após seu sonho, deixou o exército e tornou-se missionário, depois sacerdote.
Mas o que tem ele a ver com os gansos?
O clero francês afirmava que ele era o mais indicado para ser o bispo de Tours, mas Martinho, muito modesto, em princípio disse não. Levado a Tours com um subterfúgio pelos colegas, Martinho percebeu que queriam sagrá-lo bispo contra a sua vontade, escapou e foi se enconder num estábulo junto aos gansos. Estes não calaram o bico e fizeram tal escândalo, que acabaram delatando a sua presença. Aí não teve jeito, Martinho entendeu isso como um sinal divino e recebeu a mitra em 371. Faleceu no dia 8 de novembro de 397 e foi enterrado na catedral de Tours três dias depois. É venerado em diversos países como a personificação da modéstia e da virtude cristã de amor ao próximo. Curiosamente, é também padroeiro dos bêbados.
Para quem ainda não sabe, a Hungria é grande exportadora de aves. Personagem coadjuvante de vários contos húngaros (o mais famoso deles sendo Lúdas Matyi = Matias, o pequeno pastor), o ganso húngaro tem a carne mais macia que a dos austríacos ou eslovacos por causa da técnica de abate, única neste país. Enquanto nos países vizinhos matam o ganso de forma tradicional, os avicultores húngaros, talvez para evitar a gripe aviária, preferem afogá-lo.
Diz a tradição, que quem não come ganso neste dia sentirá fome o ano todo = Aki Márton-napon libát nem eszik, egész éven át éhezik. Nos vilarejos os camponeses, examinando os ossos da ave, prevêem se o inverno terá bastante neve (ossos longos e bem clarinhos) ou só chuva e lama (ossos escuros e curtos).
Neste dia comemora-se o Dia de São Martinho (Szent Márton) e lendas envolvendo a vida deste santo deram origem a tradições que permanecem vivas até hoje em inúmeros países da Europa.
Nascido em 316 na Panônia, a Hungria de então, Martinho foi filho de um tribuno romano. Por ordem do pai, aos 15 anos entrou para a legião romana e, aos dezoito, já era soldado em Amiens, na França. No rigoroso inverno de 334, um mendigo cruzou o caminho de Martinho. O jovem soldado, que estava a cavalo, usando de sua espada cortou seu manto em dois, dando a metade ao pobre para que não sentisse frio. À noite, Cristo teria aparecido a Martinho em sonho, trajando a metade do manto ofertado algumas horas antes. O futuro padroeiro dos apreciadores de vinho (sabiam disso?) foi batizado logo após seu sonho, deixou o exército e tornou-se missionário, depois sacerdote.
Mas o que tem ele a ver com os gansos?
O clero francês afirmava que ele era o mais indicado para ser o bispo de Tours, mas Martinho, muito modesto, em princípio disse não. Levado a Tours com um subterfúgio pelos colegas, Martinho percebeu que queriam sagrá-lo bispo contra a sua vontade, escapou e foi se enconder num estábulo junto aos gansos. Estes não calaram o bico e fizeram tal escândalo, que acabaram delatando a sua presença. Aí não teve jeito, Martinho entendeu isso como um sinal divino e recebeu a mitra em 371. Faleceu no dia 8 de novembro de 397 e foi enterrado na catedral de Tours três dias depois. É venerado em diversos países como a personificação da modéstia e da virtude cristã de amor ao próximo. Curiosamente, é também padroeiro dos bêbados.
Para quem ainda não sabe, a Hungria é grande exportadora de aves. Personagem coadjuvante de vários contos húngaros (o mais famoso deles sendo Lúdas Matyi = Matias, o pequeno pastor), o ganso húngaro tem a carne mais macia que a dos austríacos ou eslovacos por causa da técnica de abate, única neste país. Enquanto nos países vizinhos matam o ganso de forma tradicional, os avicultores húngaros, talvez para evitar a gripe aviária, preferem afogá-lo.
December 07, 2005
Luz azul
Como todos sabem, ou deveriam saber, um palíndromo é uma palavra que tenha a propriedade de poder ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. Exemplos: anilina, radar, mirim.
Uma frase também pode ser um palíndromo, mas só se mantiver o sentido. Estas são também chamadas de anacíclicas, do grego anakuklein, significando „que volta em sentido inverso, que refaz inversamente o ciclo”. Na opinião de Millôr Fernandes a palindromia é uma “arte neurótica e maravilhosa, capaz de envergonhar qualquer concretismo”.
Vejamos alguns exemplos: Roma é amor. O teu drama é amar dueto. Seco de raiva, coloco no colo caviar e doces. A cara rajada da jararaca. Luza Rocelina, a namorada do Manuel, leu na Moda da Romana: anil é cor azul.
Rômulo Marinho afirma que os maiores palíndromos do idioma português são de sua autoria. Só conheço uma destas frases, de 83 letras:
„O Gal. Leno Roca, à porta da cidade, a portador relata fatal erro da tropa e dá dica da tropa a Coronel Lago”, mas Marinho diz que já compôs uma de 478 letras e 173 palavras (infelizmente, ainda não tive o prazer de conhecê-la).
Em francês: Esope reste ici et se repose.
Em latim: Roma tibi subito motibus ibit amor.
Em húngaro: Géza, kék az ég.
Em inglês existem centenas, mas a que eu mais gosto é a que foi feita em homenagem a Theodore Roosevelt pela construção do Canal do Panamá:
A MAN, A PLAN, A CANAL: PANAMA.
Mas, adivinhem de quem é o recorde? Acertaram! De um enxadrista húngaro chamado Gyula Breyer (1893-1921), que compôs a seguinte carta de amor no início do século passado:
Nádasi K. Ottó Kis-Adán, májusi szerdán e levelem írám.
A mottó: Szívedig íme visz írás, kellemest író!
Színlelő szív rám kacsintál! De messzi visz szemed… Az álmok (ó csaló szirének ezek, ó csodaadók) elé les.
Írok íme messze távol. Barnám! Lám e szívindulat Öné. S ím e szív, e vér ezeket ereszti ki:
Szívem! Íme leveled előttem, eszemet letevő! Kicsike! Szava remegne ott? – Öleli karom át, Édesem! Lereszket évaszív rám. Szívem imád s áldozni kér réveden – régi gyerekistenem. Les ím. Előtte visz szíved is. Ég. Érte reszketek, szeret rég és ide visz. Szívet – tőlem is elmenet – siker egy ígérne, de vérré kínzod (lásd ám: íme visz már, visz a vétek!) szerelmesedét.
Ámor (aki lelőtt ó engem, e ravasz, e kicsi!) Követeltem eszemet tőled! E levelem íme viszi…
Kit szeretek ezer éve, viszem is én őt, aludni viszem. Álmán rablóvá tesz szeme. Mikor is e lélekodaadó csók ezeken éri, szól: A csókom láza de messzi visz!… Szemed látni csak már!… Visz ölelni!… Szoríts!…
Emellek Sári szívemig. Ide visz
Ottó
Ma már ím e levelen ádresz is új ám: Nádasi K. Ottó Kis-Adán.
Não vou traduzir o longo texto para o português, mas acreditem: é genial!
December 06, 2005
Feliz Mikulás a todos!
Alguns de vocês me perguntaram sobre „a lista do Papai Noel”. Aqui na Hungria as crianças escrevem a lista de presentes que querem ganhar para o Jézuska (Menino Jesus) e não para o Mikulás. Os envelopes são entregues para os pais (sem data certa), que os colocam no correio.
Só os meus filhos é que – sabe Deus por que – aproveitam a oportunidade e colocam as cartinhas dentro dos sapatinhos na noite do dia 5. É bastante lógico, não? São Nicolau deve saber onde entregar a carta… e bem mais rápido!
Desejo a todos os meus leitores um dia cheio de bombons e chocolates!
Só os meus filhos é que – sabe Deus por que – aproveitam a oportunidade e colocam as cartinhas dentro dos sapatinhos na noite do dia 5. É bastante lógico, não? São Nicolau deve saber onde entregar a carta… e bem mais rápido!
Desejo a todos os meus leitores um dia cheio de bombons e chocolates!
December 03, 2005
Aqui não temos renas!
O dia 6 de dezembro está chegando! Para quem não sabe, neste dia comemora-se o dia de São Nicolau (Mikulás, ou Papai Noel) por aqui. Na noite do dia 5 as crianças colocam seus sapatinhos ou botinhas no beiral da janela e na manhã seguinte estes aparecem cheios de bombons, chocolates, nozes, avelãs e eventualmente um „virgács” se a criança não foi boa o suficiente, ou se suas notas escolares não foram as esperadas. Virgács é um punhado de varas finas de vidoeiro amarrados com um arame fino, que era usado no passado para bater. Hoje é só um símbolo da antiga palmatória, mas nenhuma criança gosta de encontrar um virgács dentro do seu sapatinho na manhã do dia 6, não!
Aqui na Hungria o Papai Noel não é um símbolo natalino como no Brasil (ou como o Santa Claus é nos países anglo-saxônicos), mas sim do Advento, da época na qual nos preparamos espiritualmente para a „chegada da luz”. Depois das Festas „a escuridão se vai” não só simbolicamente, mas na prática também por que os dias começam a ficar mais longos e as noites mais curtas. Não foi por acaso que a Igreja optou por colocar a comemoração do nascimento de Jesus nesta época do ano.
O bonachão de roupa „piros” (que originalmente não era desta cor, vide artigo „Aqui vai o gabarito…”) só faz parte dos costumes húngaros há uns 150 anos. Na época do pós-guerra o então regime comunista fez de tudo para que o Natal perdesse sua conotação religiosa e rebatizou a festa de Fenyő Ünnepe (Festa do Pinheiro) e o Mikulás de Télapó (Pai Inverno) sugerindo que ele fosse „um bom camarada”. Mas não deu certo. Embora muitos usem o termo Télapó ainda hoje, este já perdeu sua conotação „vörös” totalmente.
O pessoal de marketing trabalha fortemente a imagem do velhinho no início de dezembro, mas ela vai se esvaindo e perto da Véspera de Natal o Papai Noel não é mais visto nas propagandas de TV ou cartazes de rua. Mais uma curiosidade é que quando o Papai Noel aparece nos shoppings ele está sempre acompanhado de duas ou três „krampusz”, mocinhas vestidas de capeta com collants pretas e vermelhas e chifres na cabeça. O costume de assustar ou castigar as crianças más veio dos colonos saxões que habitavam o norte do país (hoje Eslováquia) e a Transilvânia (hoje Romênia). São Nicolau foi um santo muito querido naquelas regiões de culturas múltiplas. A origem da palavra krampusz é „Krumm-fuss” ou „Klumpf-fuss”, expressões alemãs que lembram as patas do diabo. Mas essas doces moças, embora diabólicas na sua aparência, são sorridentes e não afugentam as crianças… muito pelo contrário. Elas ajudam o Papai Noel na distribuição dos presentes e atraem os olhares dos papais enquanto os pequenos conversam com o velhinho.
Mas qual a origem do nosso personagem? Nascido na cidade de Patara, Ásia Menor por volta do ano 274 (algumas fontes mencionam 245, outras chegam até a 280), Nicolau foi filho de uma família rica. Perdeu os pais numa epidemia que dizimou a cidade e, após distribuir sua herança entre os pobres, foi morar com seu tio, que era bispo de Patara. Por influência do tio optou pela teologia e tornou-se padre.
Conta-se que durante o império de Deocleciano, Nicolau passou algum tempo na prisão, mas foi logo libertado. Um dia, voltando de uma peregrinação à Terra Santa parou em Myra, capital da Anatólia, onde teve uma enorme e grata surpresa. Diz a história que a Igreja em Myra era muito corrupta e que os clérigos brigavam muito entre si pelo poder. Após umas dessas graves discussões, um dos sacerdotes teve uma visão divina e sugeriu aos outros: „Que seja nosso bispo o próximo padre que entrar pelos portões da cidade!” Algumas horas depois Nicolau chegou e, tomado de surpresa, foi nomeado bispo, aos 24 anos de idade!
Nicolau (ou Miklós em húngaro, pois Mikulás é um apelido carinhoso de origem tcheca) dedicou sua vida inteira à educação e ajuda das crianças. Participou do Sínodo de Nicéia em 325, o primeiro Concílio Ecumênico do mundo. Morreu em Myra (hoje Demre) no dia 6 de dezembro de 350. Algumas fontes mencionam o ano de 326 mas em todo caso, seu bispado durou 52 anos. Podem fazer as contas, se quiserem.
Além de ser o símbolo da bondade, tornou-se patrono dos guardas noturnos e santo protetor dos marinheiros, dos pescadores, das crianças e – vejam só! – das virgens. Uma lenda conta que um pai malvado tinha três jovens filhas e que como não havia dinheiro em casa, ele tentou convencê-las a vender prazeres carnais, ajudando assim no orçamento familiar. Nicolau apareceu de surpresa entregando várias moedas de ouro às meninas pela janela (aqui o motivo de por que colocar os sapatinhos „na janela”), salvando-as deste triste fim.
Fico aqui pensando com os meus botões: será que as três „krampusz” que sempre o acompanham tem algo a ver com isso?
Ah, aqui não temos renas, viu?!
Aqui na Hungria o Papai Noel não é um símbolo natalino como no Brasil (ou como o Santa Claus é nos países anglo-saxônicos), mas sim do Advento, da época na qual nos preparamos espiritualmente para a „chegada da luz”. Depois das Festas „a escuridão se vai” não só simbolicamente, mas na prática também por que os dias começam a ficar mais longos e as noites mais curtas. Não foi por acaso que a Igreja optou por colocar a comemoração do nascimento de Jesus nesta época do ano.
O bonachão de roupa „piros” (que originalmente não era desta cor, vide artigo „Aqui vai o gabarito…”) só faz parte dos costumes húngaros há uns 150 anos. Na época do pós-guerra o então regime comunista fez de tudo para que o Natal perdesse sua conotação religiosa e rebatizou a festa de Fenyő Ünnepe (Festa do Pinheiro) e o Mikulás de Télapó (Pai Inverno) sugerindo que ele fosse „um bom camarada”. Mas não deu certo. Embora muitos usem o termo Télapó ainda hoje, este já perdeu sua conotação „vörös” totalmente.
O pessoal de marketing trabalha fortemente a imagem do velhinho no início de dezembro, mas ela vai se esvaindo e perto da Véspera de Natal o Papai Noel não é mais visto nas propagandas de TV ou cartazes de rua. Mais uma curiosidade é que quando o Papai Noel aparece nos shoppings ele está sempre acompanhado de duas ou três „krampusz”, mocinhas vestidas de capeta com collants pretas e vermelhas e chifres na cabeça. O costume de assustar ou castigar as crianças más veio dos colonos saxões que habitavam o norte do país (hoje Eslováquia) e a Transilvânia (hoje Romênia). São Nicolau foi um santo muito querido naquelas regiões de culturas múltiplas. A origem da palavra krampusz é „Krumm-fuss” ou „Klumpf-fuss”, expressões alemãs que lembram as patas do diabo. Mas essas doces moças, embora diabólicas na sua aparência, são sorridentes e não afugentam as crianças… muito pelo contrário. Elas ajudam o Papai Noel na distribuição dos presentes e atraem os olhares dos papais enquanto os pequenos conversam com o velhinho.
Mas qual a origem do nosso personagem? Nascido na cidade de Patara, Ásia Menor por volta do ano 274 (algumas fontes mencionam 245, outras chegam até a 280), Nicolau foi filho de uma família rica. Perdeu os pais numa epidemia que dizimou a cidade e, após distribuir sua herança entre os pobres, foi morar com seu tio, que era bispo de Patara. Por influência do tio optou pela teologia e tornou-se padre.
Conta-se que durante o império de Deocleciano, Nicolau passou algum tempo na prisão, mas foi logo libertado. Um dia, voltando de uma peregrinação à Terra Santa parou em Myra, capital da Anatólia, onde teve uma enorme e grata surpresa. Diz a história que a Igreja em Myra era muito corrupta e que os clérigos brigavam muito entre si pelo poder. Após umas dessas graves discussões, um dos sacerdotes teve uma visão divina e sugeriu aos outros: „Que seja nosso bispo o próximo padre que entrar pelos portões da cidade!” Algumas horas depois Nicolau chegou e, tomado de surpresa, foi nomeado bispo, aos 24 anos de idade!
Nicolau (ou Miklós em húngaro, pois Mikulás é um apelido carinhoso de origem tcheca) dedicou sua vida inteira à educação e ajuda das crianças. Participou do Sínodo de Nicéia em 325, o primeiro Concílio Ecumênico do mundo. Morreu em Myra (hoje Demre) no dia 6 de dezembro de 350. Algumas fontes mencionam o ano de 326 mas em todo caso, seu bispado durou 52 anos. Podem fazer as contas, se quiserem.
Além de ser o símbolo da bondade, tornou-se patrono dos guardas noturnos e santo protetor dos marinheiros, dos pescadores, das crianças e – vejam só! – das virgens. Uma lenda conta que um pai malvado tinha três jovens filhas e que como não havia dinheiro em casa, ele tentou convencê-las a vender prazeres carnais, ajudando assim no orçamento familiar. Nicolau apareceu de surpresa entregando várias moedas de ouro às meninas pela janela (aqui o motivo de por que colocar os sapatinhos „na janela”), salvando-as deste triste fim.
Fico aqui pensando com os meus botões: será que as três „krampusz” que sempre o acompanham tem algo a ver com isso?
Ah, aqui não temos renas, viu?!
Hungria poderá proibir piadas de loiras
Vocês sabiam que a Hungria poderá aprovar uma lei que proíbe as piadas de loiras? Um grupo delas já deu entrada numa petição nesse sentido no parlamento húngaro, considerando as anedotas uma discriminação.
Falando aos jornalistas, a porta-voz do movimento, Zsuzsa Kovács, adiantou que „as loiras enfrentam discriminação no mercado de trabalho, no emprego, e mesmo nas ruas”. „Se é proibido discriminar os judeus e os negros, porque não dar a mesma proteção às loiras?”, acrescentou.
A petição foi entregue à Ministra da Igualdade, Kinga Göncz, apesar de não ter as cem mil assinaturas necessárias para que a questão seja discutida no Parlamento. No entanto, uma assessora da ministra prometeu às manifestantes que o governo fará tudo para pôr um fim à discriminação.
December 02, 2005
Mais um amigo bate à porta...
Meu amigo Árpád achou „intrigante” este blog interativo e enviou a seguinte simplificação das idéias de Goethe:
"Meu coração tem duas almas,
Que só fazem querer se apartar:
Uma, lasciva, só vive de amores,
A outra vai morrer de tanto pensar.”
Minha grande amiga "extra-terrestre" Anna Barbara Menezes também colocou sua azeitona nesta empada, como diria meu irmão. Segue a versão dela:
"Duas almas, ah, moram em meu seio
Uma quer da outra a separação
Uma se apega com ardente enleio
Aos prazeres do mundo e da paixão
E a outra, das brumas, procura esteio
No campo do saber e da razão."
Quem mais se habilita?
Em tempo: a belíssima estátua de bronze aí na foto chama-se „Duas Almas”, foi feita em 1986 pela artista plástica Maya Clemes e tem 3 m de altura. Ainda não descobri qual dos dois personagens está procurando esteio no campo do saber e da razão.
December 01, 2005
A maior inflação da História
Outro dia deparei-me com o interessante site intitulado „As reencarnações da moeda brasileira”
http://antonioluizcosta.sites.uol.com.br/moeda_brasil.htm
onde o autor afirma que „nominalmente, um real …. equivale a …. 2,75 quintilhões de réis dos velhos tempos, 2,75 quatrilhões de cruzeiros (ou mil-réis), 2,75 trilhões de contos (ou cruzeiros novos), 2,75 bilhões de cruzados, 2,75 milhões de cruzados novos ou 2.750 cruzeiros reais.”
Para os que se lembram das nossas inflações mensais de 40, 50 ou de até 60 por cento a situação econômica do país hoje em dia parece o Paraíso.
Mas qual terá sido a maior inflação da História? Será que foi a alemã no início dos anos 20 quando os preços dobravam de dois em dois dias e o índice de inflação chegou a 3.250.000% ao mês? Ou foi a da Grécia, durante a ocupação alemã (1941-44), quando os preços dobravam a cada 28 horas e o índice mensal foi de 8.550.000.000%?
Nenhuma das duas… Foi aqui mesmo, na Hungria, logo após o término da Segunda Guerra Mundial (1945-46). No último dia da moeda os preços dobravam a cada 15 horas, o equivalente a 4,19% × 10 elevado à 16ª potencia!
Vamos traduzir isso para que nós, leigos, entendamos: em agosto de 1945 um quilo de pão custava 6 pengő, em outubro passou a custar 27, no início de novembro 80, no finalzinho do mês 135, na primeira quinzena de dezembro 310, na segunda quinzena 550, passou para 700 no início de janeiro de 1946, no final do mês já estava em 7.000, no início de maio 8.000.000, no finalzinho do mês 360.000.000, e em junho chegou a 5.850.000.000 pengő.
E as cédulas? Foram sendo emitidas com uma velocidade incomum. No dia 5 de abril de 1945 foram emitidas as de 50 e 100 pengő. No dia 15 de julho já lançaram as de 1.000 e 10.000 pengő, no dia 16 de novembro as de 1.000.000 e 10.000.000 (dez milhões de pengő).
No dia 29 de abril de 1946 novas notas foram emitidas: 10.000.000.000 e 100.000.000.000 (dez mil milpengő e cem mil milpengő, ou 10 bilhões e 100 bilhões de pengő). 35 dias depois, no dia 3 de junho, sete novas cédulas (as últimas da série) tiveram que ser lançadas pois as anteriores não valiam mais nada: a primeira tinha 14 zeros depois do um e a última trazia 20 zeros!
O povo, bem-humorado como sempre, chamou a nota azul de „kis Bözsi” (Betinha) e a amarela de „nagy Bözsi” (Betona) pois as cédulas continham o retrato de uma camponesa.
Finalmente, no primeiro dia de agosto de 1946 introduziram o forint, que persiste até hoje: uma moeda de um forint (1 Ft) podia ser comprada a 400.000.000.000.000.000.000.000.000.000 pengő (podem contar, são 29 zeros). Os preços, de repente, ficaram bem mais „acessíveis”: um quilo de pão passou a custar 0,96 Ft, 1 quilo de batata 0,43 Ft e o salário mínimo ficou por volta de 130 Ft.
Hoje em dia, 60 anos depois, com 220 Ft você compra um dólar americano. Parece que a moeda deu certo, assim como o nosso real.
Cruz torta
Ultimamente ando me esquecendo de várias coisas, uma delas é de entrar no meu próprio blog... parece que estou ficando senil. Se bem que a senilidade tem uma vantagem: poderei esconder os meus próprios ovinhos de Páscoa no jardim.
Uma de minhas leitoras mais assíduas (a que ganhou o jantar "piros") perguntou por quê a cruz da Santa Coroa húngara é torta? Como este blog trata de assuntos de suma importância para a Humanidade, fiz uma pequena pesquisa. Como sempre, existem várias explicações para isso.
Alguns cientistas dizem, que ela já foi feita assim de propósito e que ela indica o ângulo exato da inclinação da Terra. Joalheiros examinaram a base da cruz e não há sinal que comprove que ela tenha sido entortada à força. Isso responderia o porquê da cruz nunca ter sido "consertada"... ou não?
Uma outra versão relata, que na metade do Século XV um Habsburgo chamado Albert reinou durante dois anos aqui na Hungria e morreu. Sua esposa Erzsébet (Elisabeth) quis que seu filho, ainda nem nascido, fosse o próximo rei e numa noite roubou a coroa do Castelo de Visegrád. Sua mais leal camareira ajudou-a e documentou o ocorrido em detalhes num diário. Embrulharam a coroa num travesseiro enorme e como o Danúbio estava congelado, quiseram atravessá-lo num trenó para chegar a Komárom, cidade não muito longe dali. Mas o gelo cedeu e quase tudo se perdeu nas águas do rio. Por sorte a coroa foi salva mas na confusão levou alguns sérios golpes. O diário da camareira não menciona o fato da cruz ter entortado, mas é possível que tenha.
Um desenho de 1620 mostra a coroa ainda com a cruz em pé, mas isso não comprova nada. Nos duzentos anos que se seguiram a coroa viajou centenas ou talvez milhares de quilômetros pois a cada nova batalha ou revolta o símbolo do poder precisava ser escondido e bem guardado. A coroa visitou Pozsony inúmeras vezes (hoje Bratislava), Ecsed, Trencsén, Linz, Passau, Viena, Komárom e mais alguns castelos espalhados pelo reino. As condições das estradas de terra e das carroças eram bastante precárias (se comparadas aos automóveis com amortecedores de hoje em dia) portanto vocês podem imaginar pelo que passou esta bela jóia durante a sua história.
Pesquisas recentes demonstraram, que no dia 14 de fevereiro de 1638 a Santa Coroa sofreu um novo acidente. Ela era guardada dentro de uma capa de cobre, que por sua vez ficava num pequeno baú. Naquele dia houve a coroação da rainha Maria Anna, primeira esposa de Ferdinando II e o camareiro real foi incumbido à última hora de trazer a coroa do rei para a festa. Como ele estava com pressa e havia perdido a chave do baú, este foi aberto de forma violenta, possivelmente entortando a cruz. Mas novamente isto é só especulação, pois ilustrações posteriores, de 1741 e 1790 por exemplo, mostram a cruz ainda em pé.
Em 25 de maio de 1784 o camareiro real do rei József II relata o seguinte: „No dia de hoje, vinda de Pozsony, recebi a Santa Coroa do Reino, que está com a cruz entortada.” Parece que essa é a primeira vez que mencionaram o fato por escrito. Quase todas as ilustrações futuras já mostram a coroa com a cruz torta.
Uma de minhas leitoras mais assíduas (a que ganhou o jantar "piros") perguntou por quê a cruz da Santa Coroa húngara é torta? Como este blog trata de assuntos de suma importância para a Humanidade, fiz uma pequena pesquisa. Como sempre, existem várias explicações para isso.
Alguns cientistas dizem, que ela já foi feita assim de propósito e que ela indica o ângulo exato da inclinação da Terra. Joalheiros examinaram a base da cruz e não há sinal que comprove que ela tenha sido entortada à força. Isso responderia o porquê da cruz nunca ter sido "consertada"... ou não?
Uma outra versão relata, que na metade do Século XV um Habsburgo chamado Albert reinou durante dois anos aqui na Hungria e morreu. Sua esposa Erzsébet (Elisabeth) quis que seu filho, ainda nem nascido, fosse o próximo rei e numa noite roubou a coroa do Castelo de Visegrád. Sua mais leal camareira ajudou-a e documentou o ocorrido em detalhes num diário. Embrulharam a coroa num travesseiro enorme e como o Danúbio estava congelado, quiseram atravessá-lo num trenó para chegar a Komárom, cidade não muito longe dali. Mas o gelo cedeu e quase tudo se perdeu nas águas do rio. Por sorte a coroa foi salva mas na confusão levou alguns sérios golpes. O diário da camareira não menciona o fato da cruz ter entortado, mas é possível que tenha.
Um desenho de 1620 mostra a coroa ainda com a cruz em pé, mas isso não comprova nada. Nos duzentos anos que se seguiram a coroa viajou centenas ou talvez milhares de quilômetros pois a cada nova batalha ou revolta o símbolo do poder precisava ser escondido e bem guardado. A coroa visitou Pozsony inúmeras vezes (hoje Bratislava), Ecsed, Trencsén, Linz, Passau, Viena, Komárom e mais alguns castelos espalhados pelo reino. As condições das estradas de terra e das carroças eram bastante precárias (se comparadas aos automóveis com amortecedores de hoje em dia) portanto vocês podem imaginar pelo que passou esta bela jóia durante a sua história.
Pesquisas recentes demonstraram, que no dia 14 de fevereiro de 1638 a Santa Coroa sofreu um novo acidente. Ela era guardada dentro de uma capa de cobre, que por sua vez ficava num pequeno baú. Naquele dia houve a coroação da rainha Maria Anna, primeira esposa de Ferdinando II e o camareiro real foi incumbido à última hora de trazer a coroa do rei para a festa. Como ele estava com pressa e havia perdido a chave do baú, este foi aberto de forma violenta, possivelmente entortando a cruz. Mas novamente isto é só especulação, pois ilustrações posteriores, de 1741 e 1790 por exemplo, mostram a cruz ainda em pé.
Em 25 de maio de 1784 o camareiro real do rei József II relata o seguinte: „No dia de hoje, vinda de Pozsony, recebi a Santa Coroa do Reino, que está com a cruz entortada.” Parece que essa é a primeira vez que mencionaram o fato por escrito. Quase todas as ilustrações futuras já mostram a coroa com a cruz torta.
November 27, 2005
O que você daria? (Parte 1)
Desarmamento (uma visão histórica)
Maoris x Morioris (por György László Gyuricza)
Um bom exemplo das “vantagens” de se ter uma índole pacífica e de andar desarmado, é o seguinte fato histórico, fartamente documentado (Guns, Germs and Steel, Jared Diamond, Editora Vintage, 1998) ocorrido na região do Oceano Pacífico.
O povo moriori, habitante das Ilhas Chatham, 500 milhas a leste da Nova Zelândia, tinha uma tradição de séculos de independência, até dezembro de 1835.
Em 19 de novembro daquele ano, um navio carregando 500 maoris armados com lanças, machados e cacetetes, desembarcou na ilha, seguido em 5 de dezembro de uma nova leva de mais 400 maoris.
Assim que desembarcaram, os maoris montaram um acampamento protegido na praia, prevendo eventual fuga pelo mar, caso fossem rechaçados pelos morioris.
Uma vez em razoável segurança, enviaram grupos de maoris fortemente armados, aos assentamentos dos morioris, anunciando que estavam tomando posse da ilha e que doravante os morioris seriam seus escravos e teriam que obedecer em tudo que lhes fosse mandado, com a ameaça de matar todos aqueles que se opusessem.
Uma resistência organizada pelos morioris certamente teria vencido os maoris, que estavam em desvantagem numérica de dois para um. No entanto, os morioris tinham uma tradição de resolver suas disputas pacificamente. Assim, eles se reuniram em conselho, e decidiram não revidar e sim oferecer paz e amizade. Entregariam toda sua parca riqueza e, se necessário fosse, dividiriam de bom grado seus recursos com os novos amigos. A ilha era grande o suficiente, para acomodar de boa vontade todas as pessoas.
Assim que os moriori anunciaram sua oferta, os maoris exultaram de alegria. Pediram que o conselho enviasse os mais fortes morioris para o acampamento na praia, onde seriam realizados jogos de amizade e selada a paz entre os dois povos.
Assim que os morioris chegaram, desarmados obviamente, foram atacados em massa. No curso de algumas poucas horas, os maoris mataram centenas deles, e cozinharam e comeram a maioria dos corpos.
Vencida qualquer possível resistência, escravizaram os demais. No decorrer dos próximos anos praticamente toda a população adulta foi simplesmente devorada. As crianças reunidas em chiqueiros de engorda, foram consumidas aos poucos, como petisco. Somente as moças sobreviveram: tiveram o destino óbvio de servir de mulher e parir filhos para os novos donos da ilha.
Um sobrevivente moriori assim relatou o ocorrido: “Os maoris começaram a nos matar como ovelhas. Nós estávamos aterrorizados, refugiávamo-nos no mato, escondíamo-nos em buracos no subsolo e em qualquer lugar para escapar dos nossos inimigos. Mas nossos estratagemas não foram de grande proveito: éramos descobertos e mortos – homens, mulheres e crianças, indiscriminadamente”.
Um conquistador maori deu a seguinte explicação: “Não fizemos nada demais. Só tomamos posse da ilha. Capturamos toda a população. Nenhum escapou. Alguns tentaram se esconder, estes nós matamos, os outros também matamos, mas e daí? Agimos de acordo com nossos costumes – e eles eram mais fracos do que nós”.
É isso, amigos. Vamos entregar nossas armas e jamais reagir quando somos assaltados. A melhor política, segundo nossas “autoridades”, é sempre obedecer ao agressor. Sem dúvida eles vão exultar de alegria.
Antes que paire alguma dúvida sobre minha posição: sou absolutamente a favor do desarmamento dos bandidos. Assim que todos eles estiverem desarmados, aceito até falar sobre o que fazer com minha arma de fogo.
Quanto ao tratamento a ser dado aos bandidos, acho que dá para resolver o problema, mesmo sem pena de morte. Sou a favor de castrar todos eles, começando pelos meninos infratores da Febem. Acredito que a esmagadora maioria deles perderia a agressividade e deixaria de ser uma ameaça à população. E quais seriam as conseqüências se, de setenta milhões de brasileiros homens, duzentos, trezentos mil ficassem estéreis? Você vê alguma desvantagem? ... a não ser a de contrariar os defensores dos direitos humanos? Pena não poder enviá-los às Ilhas Chatham para negociar com os maoris.
Um bom exemplo das “vantagens” de se ter uma índole pacífica e de andar desarmado, é o seguinte fato histórico, fartamente documentado (Guns, Germs and Steel, Jared Diamond, Editora Vintage, 1998) ocorrido na região do Oceano Pacífico.
O povo moriori, habitante das Ilhas Chatham, 500 milhas a leste da Nova Zelândia, tinha uma tradição de séculos de independência, até dezembro de 1835.
Em 19 de novembro daquele ano, um navio carregando 500 maoris armados com lanças, machados e cacetetes, desembarcou na ilha, seguido em 5 de dezembro de uma nova leva de mais 400 maoris.
Assim que desembarcaram, os maoris montaram um acampamento protegido na praia, prevendo eventual fuga pelo mar, caso fossem rechaçados pelos morioris.
Uma vez em razoável segurança, enviaram grupos de maoris fortemente armados, aos assentamentos dos morioris, anunciando que estavam tomando posse da ilha e que doravante os morioris seriam seus escravos e teriam que obedecer em tudo que lhes fosse mandado, com a ameaça de matar todos aqueles que se opusessem.
Uma resistência organizada pelos morioris certamente teria vencido os maoris, que estavam em desvantagem numérica de dois para um. No entanto, os morioris tinham uma tradição de resolver suas disputas pacificamente. Assim, eles se reuniram em conselho, e decidiram não revidar e sim oferecer paz e amizade. Entregariam toda sua parca riqueza e, se necessário fosse, dividiriam de bom grado seus recursos com os novos amigos. A ilha era grande o suficiente, para acomodar de boa vontade todas as pessoas.
Assim que os moriori anunciaram sua oferta, os maoris exultaram de alegria. Pediram que o conselho enviasse os mais fortes morioris para o acampamento na praia, onde seriam realizados jogos de amizade e selada a paz entre os dois povos.
Assim que os morioris chegaram, desarmados obviamente, foram atacados em massa. No curso de algumas poucas horas, os maoris mataram centenas deles, e cozinharam e comeram a maioria dos corpos.
Vencida qualquer possível resistência, escravizaram os demais. No decorrer dos próximos anos praticamente toda a população adulta foi simplesmente devorada. As crianças reunidas em chiqueiros de engorda, foram consumidas aos poucos, como petisco. Somente as moças sobreviveram: tiveram o destino óbvio de servir de mulher e parir filhos para os novos donos da ilha.
Um sobrevivente moriori assim relatou o ocorrido: “Os maoris começaram a nos matar como ovelhas. Nós estávamos aterrorizados, refugiávamo-nos no mato, escondíamo-nos em buracos no subsolo e em qualquer lugar para escapar dos nossos inimigos. Mas nossos estratagemas não foram de grande proveito: éramos descobertos e mortos – homens, mulheres e crianças, indiscriminadamente”.
Um conquistador maori deu a seguinte explicação: “Não fizemos nada demais. Só tomamos posse da ilha. Capturamos toda a população. Nenhum escapou. Alguns tentaram se esconder, estes nós matamos, os outros também matamos, mas e daí? Agimos de acordo com nossos costumes – e eles eram mais fracos do que nós”.
É isso, amigos. Vamos entregar nossas armas e jamais reagir quando somos assaltados. A melhor política, segundo nossas “autoridades”, é sempre obedecer ao agressor. Sem dúvida eles vão exultar de alegria.
Antes que paire alguma dúvida sobre minha posição: sou absolutamente a favor do desarmamento dos bandidos. Assim que todos eles estiverem desarmados, aceito até falar sobre o que fazer com minha arma de fogo.
Quanto ao tratamento a ser dado aos bandidos, acho que dá para resolver o problema, mesmo sem pena de morte. Sou a favor de castrar todos eles, começando pelos meninos infratores da Febem. Acredito que a esmagadora maioria deles perderia a agressividade e deixaria de ser uma ameaça à população. E quais seriam as conseqüências se, de setenta milhões de brasileiros homens, duzentos, trezentos mil ficassem estéreis? Você vê alguma desvantagem? ... a não ser a de contrariar os defensores dos direitos humanos? Pena não poder enviá-los às Ilhas Chatham para negociar com os maoris.
November 25, 2005
Nosso "herói de dois mundos" é…
Giuseppe Garibaldi! Pesquisando a internet, os interessados poderão encontrar páginas e mais páginas sobre esse herói „multinacional”. Iluminarei portanto somente alguns pontos que a maioria talvez não conheça:
Nascido em 1807 em Nizza (hoje Nice, na França, então parte do reino da Sardenha-Piemonte), aos 26 anos já era capitão de navio. Um ano depois foi condenado à morte por motivos políticos e teve que fugir para a América do Sul.
No Brasil ingressou na Ordem Maçônica e teve participação destacada na Guerra dos Farrapos. Casou-se com a catarinense Ana Maria de Jesus Duarte Ribeiro, que deixou o marido sapateiro para segui-lo. Organizou a Legião Italiana em Montevidéu em 1843, de onde saíram os primeiros „Camisas Vermelhas” (em húngaro, Vörösingesek). A Legião foi essencial para evitar a tomada de Montevidéu pelos argentinos. Mesmo assim, na Argentina ele também é muito querido.
Em 1848 retornou à Europa (que fervia com revoltas por toda a parte) para lutar pela unificação italiana. Garibaldi conseguiu ocupar Roma com suas tropas, mas perdeu a guerra contra os franceses e os napolitanos. Na fuga de Roma sua esposa Anita Garibaldi morreu.
Seu segundo exílio iniciou-se no Marrocos, depois foi para os Estados Unidos e de lá para o Peru, onde exerceu outra vez seu ofício de capitão de navio mercante. Fez bons investimentos. Em 1854 voltou à Europa. Encontrou-se com o líder revolucionário húngaro Lajos Kossuth em Londres, início de uma longa amizade.
Um ano depois arrumou dinheiro repentinamente (provavelmente fruto dos investimentos mencionados há pouco) e comprou a Ilha de Caprera, perto da Sardenha.
Em 1860, sabendo que as coisas estavam fervilhando na Sicília, foi para lá com 1064 homens, entre os quais haviam 2 húngaros: István Türr e Lajos Tüköry. Após as primeiras vitórias seu exército cresceu em número a ponto de ocuparem Palermo (onde Tüköry morreu em batalha).
No final do mesmo ano ocupou Nápoles e propos armistício ao Rei Vitor Emanuel II, entregando-lhe o poder. Recusou honrarias, um castelo, o título de nobreza e a pensão vitalícia oferecidos pelo monarca. Retornou à sua ilha com um saco de farinha, um queijo, um pão, uma lata de arenques e quatro moedas de ouro.
Sua última participação como líder militar foi ao lado dos franceses contra a Prússia em 1870. Morreu em 1882, aos 74 anos, na sua casinha em Caprera, onde está enterrado.
Na Hungria ele também é um herói nacional. Quando Lajos Kossuth faleceu em Torino em 1894, o governo italiano providenciou um vagão especial para o transporte do caixão. A cada estação que o trem parava veteranos „camisas vermelhas” das tropas de Garibaldi aguardavam Kossuth em posição de sentido e saudavam-no com suas bandeiras rasgadas em batalha.
Pelo menos uma canção folclórica húngara fala do „chapéu de Garibaldi” e há um doce chamado „Fatia de Garibaldi”. Nosso herói nunca pisou em solo húngaro. Quando chamaram-no para participar das lutas contra os austríacos, ele respondeu: „eu costumo ser convidado pelo som de um canhão”.
Nascido em 1807 em Nizza (hoje Nice, na França, então parte do reino da Sardenha-Piemonte), aos 26 anos já era capitão de navio. Um ano depois foi condenado à morte por motivos políticos e teve que fugir para a América do Sul.
No Brasil ingressou na Ordem Maçônica e teve participação destacada na Guerra dos Farrapos. Casou-se com a catarinense Ana Maria de Jesus Duarte Ribeiro, que deixou o marido sapateiro para segui-lo. Organizou a Legião Italiana em Montevidéu em 1843, de onde saíram os primeiros „Camisas Vermelhas” (em húngaro, Vörösingesek). A Legião foi essencial para evitar a tomada de Montevidéu pelos argentinos. Mesmo assim, na Argentina ele também é muito querido.
Em 1848 retornou à Europa (que fervia com revoltas por toda a parte) para lutar pela unificação italiana. Garibaldi conseguiu ocupar Roma com suas tropas, mas perdeu a guerra contra os franceses e os napolitanos. Na fuga de Roma sua esposa Anita Garibaldi morreu.
Seu segundo exílio iniciou-se no Marrocos, depois foi para os Estados Unidos e de lá para o Peru, onde exerceu outra vez seu ofício de capitão de navio mercante. Fez bons investimentos. Em 1854 voltou à Europa. Encontrou-se com o líder revolucionário húngaro Lajos Kossuth em Londres, início de uma longa amizade.
Um ano depois arrumou dinheiro repentinamente (provavelmente fruto dos investimentos mencionados há pouco) e comprou a Ilha de Caprera, perto da Sardenha.
Em 1860, sabendo que as coisas estavam fervilhando na Sicília, foi para lá com 1064 homens, entre os quais haviam 2 húngaros: István Türr e Lajos Tüköry. Após as primeiras vitórias seu exército cresceu em número a ponto de ocuparem Palermo (onde Tüköry morreu em batalha).
No final do mesmo ano ocupou Nápoles e propos armistício ao Rei Vitor Emanuel II, entregando-lhe o poder. Recusou honrarias, um castelo, o título de nobreza e a pensão vitalícia oferecidos pelo monarca. Retornou à sua ilha com um saco de farinha, um queijo, um pão, uma lata de arenques e quatro moedas de ouro.
Sua última participação como líder militar foi ao lado dos franceses contra a Prússia em 1870. Morreu em 1882, aos 74 anos, na sua casinha em Caprera, onde está enterrado.
Na Hungria ele também é um herói nacional. Quando Lajos Kossuth faleceu em Torino em 1894, o governo italiano providenciou um vagão especial para o transporte do caixão. A cada estação que o trem parava veteranos „camisas vermelhas” das tropas de Garibaldi aguardavam Kossuth em posição de sentido e saudavam-no com suas bandeiras rasgadas em batalha.
Pelo menos uma canção folclórica húngara fala do „chapéu de Garibaldi” e há um doce chamado „Fatia de Garibaldi”. Nosso herói nunca pisou em solo húngaro. Quando chamaram-no para participar das lutas contra os austríacos, ele respondeu: „eu costumo ser convidado pelo som de um canhão”.
November 24, 2005
Qual o tamanho do seu pé?
Você já se confundiu, no meio de uma loja européia ou americana, ao encontrar quatro numerações diferentes gravadas na sola de um par de sapatos que gostaria de comprar? Milhares de pessoas, há décadas, gostariam de saber por quê nao existe uma tabela internacional e uniforme para medir esse acessório insubstituível. Em alguns países usam-se centímetros, noutros polegadas, os sistemas de conversão são confusos, enquanto nossa única preocupação é comprar um calçado confortável e durável para os nossos pés. Pior ainda se o nosso pé tiver uma medida intermediária. As estatísticas comprovam que, levando em conta o comprimento e a largura, existem aproximadamente 100 medidas diferentes de pés adultos. Os fabricantes não sabem e não querem solucionar esse problema, pois a confecção de números intermediários acarretaria custos adicionais de fabricação. Conseqüentemente, só a metade da população usa sapatos que sejam da medida exata do seu pé.
Pequenos industriários, comerciantes e estudiosos pediram ao Rei João I da Inglaterra (o famigerado João Sem Terra) na Magna Carta de 1215 que o governante uniformizasse os pesos e medidas do Império. Naquela época (não só hoje em dia) os governos trabalhavam de forma extremamente lenta, assim nada aconteceu até 1304, quando finalmente montaram um comitê para esse fim. Aparentemente porém o então Rei Eduardo I tinha preocupações maiores do que essa. Passaram-se mais 20 anos (!) e finalmente, em 1324, seu filho Eduardo II teve a brilhante idéia de medir o comprimento dos calçados com grãos de cevada. Três grãos colocados lado a lado formaram um inch (polegada), doze inch viraram um foot (pé) e 36 grãos de cevada tornaram-se o „padrão internacional” (pelo menos nos países de língua inglesa) para o comprimento de um pé. O comprimento de um grão de cevada é de aproximadamente 8,5 mm. Convenhamos, não é um método prático para se medir no século 21, mas o sistema persistiu.
Os franceses, alguns séculos depois, decidiram que eram mais inteligentes que os ingleses e que iriam inventar um método muito mais "lógico" que o deles. Criaram pois o "ponto de Paris", que mede 2/3 cm (6,666 mm), e padronizaram o sistema europeu de calçados, que estabelece que se dividirmos o comprimento da nossa forma (não do pé!) em milímetros por esse número mágico teremos a numeração do nosso sapato. Os fabricantes brasileiros, entretanto, decidiram que eles dividiriam o comprimento do pé, e não da forma, pelo número diabólico (6,666): é por isso que há uma diferença de dois números entre os dois sistemas de medição. Por exemplo, se o seu pé mede 26 cm então você é um „perfeito 39” no Brasil, mas aqui na Europa você compraria um calçado 41. Nao é uma loucura? Pois é mesmo!
Só para completar, eu gostaria de mencionar que, após inúmeras pesquisas, não consegui descobrir a lógica que regeu o nascimento dos "pontos de Paris". Perguntei a vários sapateiros, comerciantes e até proprietários de fábricas de sapatos, mas ninguém conseguiu me dar uma explicação concreta. Se alguém souber mais a respeito, sou todo ouvidos…
Pequenos industriários, comerciantes e estudiosos pediram ao Rei João I da Inglaterra (o famigerado João Sem Terra) na Magna Carta de 1215 que o governante uniformizasse os pesos e medidas do Império. Naquela época (não só hoje em dia) os governos trabalhavam de forma extremamente lenta, assim nada aconteceu até 1304, quando finalmente montaram um comitê para esse fim. Aparentemente porém o então Rei Eduardo I tinha preocupações maiores do que essa. Passaram-se mais 20 anos (!) e finalmente, em 1324, seu filho Eduardo II teve a brilhante idéia de medir o comprimento dos calçados com grãos de cevada. Três grãos colocados lado a lado formaram um inch (polegada), doze inch viraram um foot (pé) e 36 grãos de cevada tornaram-se o „padrão internacional” (pelo menos nos países de língua inglesa) para o comprimento de um pé. O comprimento de um grão de cevada é de aproximadamente 8,5 mm. Convenhamos, não é um método prático para se medir no século 21, mas o sistema persistiu.
Os franceses, alguns séculos depois, decidiram que eram mais inteligentes que os ingleses e que iriam inventar um método muito mais "lógico" que o deles. Criaram pois o "ponto de Paris", que mede 2/3 cm (6,666 mm), e padronizaram o sistema europeu de calçados, que estabelece que se dividirmos o comprimento da nossa forma (não do pé!) em milímetros por esse número mágico teremos a numeração do nosso sapato. Os fabricantes brasileiros, entretanto, decidiram que eles dividiriam o comprimento do pé, e não da forma, pelo número diabólico (6,666): é por isso que há uma diferença de dois números entre os dois sistemas de medição. Por exemplo, se o seu pé mede 26 cm então você é um „perfeito 39” no Brasil, mas aqui na Europa você compraria um calçado 41. Nao é uma loucura? Pois é mesmo!
Só para completar, eu gostaria de mencionar que, após inúmeras pesquisas, não consegui descobrir a lógica que regeu o nascimento dos "pontos de Paris". Perguntei a vários sapateiros, comerciantes e até proprietários de fábricas de sapatos, mas ninguém conseguiu me dar uma explicação concreta. Se alguém souber mais a respeito, sou todo ouvidos…
Seu sangue é magyar?
A Associação Húngara está em campanha para achar o maior número possível de descendentes de húngaros no Brasil.
Em 2006 a associação realizará grandes eventos para comemorar o 50º Baile Húngaro, o 50º aniversário da Revolução Húngara de 1956, e o 80º da entidade.
Caso seu sangue seja piros-fehér-zöld, por favor, envie esta informação para seus parentes e peça que se cadastrem. Nenhum uso comercial ou político será feito com a lista de e-mails, que permanecerá sob a tutela da Associação Húngara.
As informações podem ser enviadas diretamente pelo site:
http://www.ahungara.org.br/
Em 2006 a associação realizará grandes eventos para comemorar o 50º Baile Húngaro, o 50º aniversário da Revolução Húngara de 1956, e o 80º da entidade.
Caso seu sangue seja piros-fehér-zöld, por favor, envie esta informação para seus parentes e peça que se cadastrem. Nenhum uso comercial ou político será feito com a lista de e-mails, que permanecerá sob a tutela da Associação Húngara.
As informações podem ser enviadas diretamente pelo site:
http://www.ahungara.org.br/
November 22, 2005
Lógica da Argumentação
Quem é nosso herói?
Há um personagem de destaque na História do Brasil que participou também da História da Hungria, tanto é que uma antiga canção militar exalta o seu nome. Ele foi honrado com estátuas nos dois países. Aqui em Budapeste seu busto pode ser visto no Múzeumkert. Se eu contar onde está sua estátua no Brasil, fica fácil...
Nasceu em Nice (França) e disse: „Cada vez que sou chamado a salvar pessoas, jamais tenho dúvidas em arriscar a minha própria vida”.
Quem será nosso herói?
Duas almas
Como este blog é intitulado „Gábor e seus amigos”, convido todos vocês a mandarem
textos interessantes, como o que segue:
(por György László Gyuricza)
"Zwei Seelen wohnen, ach! in meiner Brust,
Die eine will sich von der andern trennen;
Die eine hält, in derber Liebeslust,
Sich an die Welt mit klammernden Organen;
Die andere hebt gewaltsam sich vom Dust
Zu den Gefilden hoher Ahnen." ( Goethe )
Lembrei-me desses versos de Goethe em Faust (vol. 1) pois estou escrevendo um conto relacionado com o assunto e queria ilustrá-lo com a citação do filósofo alemão. Fui até a estante, peguei o original e o transcrevi para o papel, exatamente como vocês estão vendo aí em cima.
Considerando que a grande maioria dos leitores não fala alemão ou fala sem a profundidade suficiente para compreender versos escritos há mais de duzentos anos num alemão antigo e pomposo, peguei da caneta e, tentando ser o mais fiel possível às palavras do autor, fiz a seguinte tradução:
Duas almas moram, ah, em meu peito
Uma quer, da outra, separar-se;
Uma, em rude volúpia carnal,
apega-se com unhas e dentes aos prazeres mundanos;
a outra ergue-se violentamente das brumas
para a região do elevado saber.
Achei que ficou muito boa. Alguns dias depois, matutando sobre o assunto, concluí que estava sendo terrivelmente pretensioso em achar que com o auxílio da memória (estudei estes versos na escola há mais de quarenta anos) e de um dicionário moderno conseguira desvendar todas as sutilezas destas estrofes do poeta maior da Alemanha.
Resolvi pesquisar o assunto mais a fundo e com a inestimável ajuda de Frau Jutta do Goethe Institut/RJ e de alguns sites da Internet, obtive diversas traduções muito mais abalizadas do que a minha.
Todavia, ao invés de o assunto ter sido esclarecido definitivamente, mais dúvidas surgiram e agora, sinceramente, não sei mais por onde prosseguir.
Tenho certeza que quem melhor traduziu as intenções do autor foi meu irmão Gábor, em sua versão do Fausto Nordestino:
Duas almas, óxente, amancebaram-se no meu peito,
uma tá arretada com a outra, mode não querer mais ficar junto, não
uma só pensa em se agarrar e transar o dia inteiro
a outra em se arribar da poeira - e ficar matutando besteira.
Mas não é esse o ponto fulcral. Pelas duas versões acima, acho que não resta dúvida quanto ao conteúdo do que Goethe quis dizer. A questão que se coloca, é como traduzir para o português do Brasil, sem invencionices e falsa erudição, algumas poucas palavras, aparentemente corriqueiras da língua alemã.
Se você quer me ajudar na tradução definitiva, não precisa saber falar alemão, basta conferir o que eu garimpei até agora e me enviar a sua versão.
Zwei Seelen wohnen, ach! in meiner Brust,
Die eine will sich von der andern trennen;
Duas almas moram, ah, em meu peito,
uma, da outra, deseja separar-se;
Duas almas tenho em meu coração,
uma da outra a querer se separar:
Vivem-me duas almas, ah! no meu seio,
querem trilhar em duas opostas sendas;
Duas almas, oh! moram dentro do meu peito,
e aí lutam por um indivisível reino;
Duas almas habitam no meu peito,
uma da outra separar-se anseia:
Duas almas convivem em meu peito,
uma tenta se dividir da outra;
Neste meu peito, guardo duas almas:
uma a querer separar-se da outra.
Duas almas ah! moram dentro de mim,
e cada uma delas quer se separar da outra
No meu corpo há duas almas em competição,
anseia cada qual da outra se apartar.
Die eine hält, in derber Liebeslust,
Sich an die Welt mit klammernden Organen;
Uma rude me arrasta aos prazeres da terra
e se apega a este mundo com anseios redobrados;
Uma, ardente de amor, se prende ao mundo,
por meio dos órgãos corporais;
Uma no mais vivo prazer de viver,
se prende ao mundo com órgãos tenazes;
A primeira, num prazer carnal primitivo,
se apega ao mundo com seus orgãos aderentes;
Uma com órgãos materiais
se aferra amorosa e ardente ao mundo físico;
Uma aspira pela terra, com vontade apaixonada;
às íntimas entranhas ainda está ligada.
Uma se agarra, com sensual enleio e órgãos de ferro,
ao mundo e à matéria:
Uma apega-se, em paixão rasteira,
com todos os seus orgãos às matérias;
Uma, em rude volúpia sensual,
se agarra ao mundo com toda a avidez dos sentidos.
Die andere hebt gewaltsam sich vom Dust
Zu den Gefilden hoher Ahnen.
A outra ergue-se violentamente das trevas
para os campos do alto saber
A outra ergue-se violentamente das brumas
para a região dos altos pensamentos
A outra quer erguer-se da poeira
E subir ao reino da sua origem etérea.
Acima das névoas, a outro aspira, de certeza,
com ardor sagrado por esferas onde reine a pureza.
Outra quer ensofrida remontar-se
de sua excelsa origem às alturas
A segunda se eleva energicamente da poeira
para os campos de seus nobres antepassados.
A outra se ergue, com força, do pó
aos campos dos sentimentos elevados
Outra ascende nos ares; nos espaços erra,
aspira à vida eterna e a seus antepassados
Um movimento sobrenatural arrasta a outra para longe das trevas,
rumo à alta morada de nossos avós!
Muito bem… quem se habilita a ajudar meu irmão György?
To be Hungarian is not enough
Outro dia alguém comentou, que „Hollywood sempre foi repleta de húngaros.”
Fiz uma rápida pesquisa e aqui vai uma lista dos húngaros ou descendentes que passaram por lá: Johnny Weissmüller (Tarzan), Béla Lugosi (Conde Drácula), o imortal Tony Curtis, Adolf Zukor (fundador da Paramount), Leslie Howard (de E o Vento Levou...), Zsa Zsa Gábor, o diretor George Cukor (My Fair Lady), Peter Lorre, Adrien Brody, o diretor Michael Curtiz (Casablanca), Drew Barrymore, Paul Newman, Goldie Hawn, John Derek (marido da Bo Derek), o fundador da Fox Filmes William Fox, Joe Pasternak, Emeric Pressburger (Oscar por melhor roteiro em 1942), o compositor Miklós Rózsa (ganhou 3 Oscars – Ben Hur, por exemplo), William S. Darling, George Pál (Oscars por efeitos especiais), Géza Herczeg, Paul Lucas, John S. Toldy (Oscar por melhor roteiro em 1940), os diretores Vincent Korda (Oscar pelo Ladrão de Bagdá), István Szabó (Coronel Redl e Mephisto), Andrew Vajna (Rambo, Evita), Joe Eszterhas (Flashdance), Ferenc Rófusz (pela animação de A Mosca), László Kovács, fotógrafo do filme Easy Rider e Vilmos Zsigmond pelos Encontros Imediatos de Terceiro Grau. Os menos conhecidos Robert Pirosh, Marcell Vértes, Alexander Trauner, Joseph Kiss, Zoltán Elek, Attila Szalay e Zsuzsa Böszörményi também: todos ganharam Oscars.
Isso sem falar que tanto Goldwyn quanto Mayer eram judeus húngaros e diziam naquela época que o único não-húngaro de Hollywood era o leão...
Do mundo da música menciono Paul Simon (!), Alanis Morissette (que canta em húngaro também), Mark Knopfler (Dire Straits) e Gene Simmons (guitarrista do extinto Kiss).
Dizem que no escritório de Adolf Zukor havia uma placa para os que estavam procurando emprego, que dizia: TO BE HUNGARIAN IS NOT ENOUGH. Mas alguém rabiscou embaixo: „…but it helps…”
E para terminar: Norman Macrea, editor-geral do Economist fez o seguinte comentário cínico: „Os húngaros criaram Hollywood bem antes de terem criado algo bem MENOS destrutivo: a bomba atômica”.
November 21, 2005
Aqui vai o gabarito...
Meus amigos e minhas amigas, posso estar redondamente enganado e vou continuar minhas pesquisas, mas meus ouvidos e olhos hunos acham que piros é um pouco mais claro e menos encorpado que o vörös. Como a Anna Barbara sabiamente notou, a cor piros não contém muita emoção, ela é mais „chapada”, infantil, enquanto o vörös é mais adulto, a cor tem „profundidade”, a pronúncia já é um beijo em si. Mas como toda regra, esta também tem exceção.
As respostas, portanto:
Folhas caídas – vörös, ou "vöröses" para ser mais exato = avermelhado
Roupa do Papai Noel – piros, sem dúvida alguma, assim como o logotipo da Coca-Cola, que – caso voces não saibam – foi quem „criou” a roupa do Papai Noel desta cor numa campanha publicitária no início do século passado… e a moda pegou.
A Praça Vermelha é Vörös Tér, assim como tudo o que tem a ver com o proletariado e o Movimento Comunista (bandeiras de países de esquerda, nomes de clubes ou associações fundados no Século XX, a estrela vermelha, o lenço dos „pioneiros” e outros símbolos diversos).
O nariz de um bêbado é „piros orr” (pelo menos é o que me soa melhor) mas após uma pesquisa na internet descobri que „vörös orr” também já foi usado pelo escritor Jókai – e ele conhecia o húngaro muito bem... ;-) Sugiro portanto cancelar esta questão.
A vergonha estampada na cara certamente é „vörös”.
Uma gravata é piros mas não seria incorreto chamá-la de vörös. Suponho que as pessoas não o façam no dia-a-dia por que „vörös nyakkendő” (literalmente: gravata vermelha) denotava o lenço vermelho dos „pioneiros” (a versão comunista do escotismo), de formato triangular.
A Ferrari é piros, assim como qualquer outro veículo: trolebus, automóvel, bicicleta ou os bondes de Viena. Como todos sabem, em Budapeste os „villamos” são amarelos.
Tinta de caneta é piros, mas existe „vörös festék” com a qual você pintaria os lábios de alguém – ou um manto real – numa tela. Quando um aluno primário faz algo de BOM na sala de aula, ele recebe um „piros pont” da professora, isto é, um pontinho vermelho que ela desenha carinhosamente na caderneta.
O esmalte de unhas é – na maioria das vezes – vörös, assim como lábios vermelhos são „vörös ajkak” mas, por incrível que pareça, você geralmente compra um batom piros. Notem que batom em húngaro é „rúzs”, que vem do francês rouge.
Botas são piros (essa foi a primeira pegadinha) e o termo „piros csizma” é muito comum nos contos de fadas ou canções folclóricas.
Um cinto, uma bolsa ou um casaco de couro também seriam todos piros.
Dragão Vermelho é Vörös Sárkány, a chama (láng) que sai da boca de um dragão também é vörös, mas sabemos que o simples fogo (tűz) é piros. Vai entender…
Telha é „piros cserép”, mas aqui está novamente „meu ouvido falando mais alto”. Posso estar enganado.
Botão (tanto o de apertar, como o da camisa) é piros.
Tomates e morangos são piros, assim como cerejas.
Vinho é sempre „vörösbor”.
Cartão vermelho é „piros lap”.
As luzinhas piscantes num equipamento médico são piros, mas a luz infravermelha é infravörös.
Aqui vem a segunda pegadinha: embora o sangue seja piros, os glóbulos vermelhos são „vörös vérsejtek” onde vér = sangue, sejt(ek) = célula(s). Não me perguntem o porquê. Aliás, para confundir ainda mais, se alguém quiser realçar que algo é BEM vörös (bem vivo), ele usa o termo „vérvörös”.
Papel de presente é piros.
Consultei um dicionário húngaro-inglês e achei as seguintes definições:
Piros = red
Piros arc = rosy face
Pirosbetűs ünnep = Red-letter day (feriado)
Ajkat (vagy arcot) pirosít = to put on lipstick (or rouge)
Pirosság = redness, pinkness (!)
Vörös = red, crimson, ruby, ruddy, flushed
Vörös posztó = red rag (to the bull) = o pano vermelho do toureiro
Vörösödik = to blush
Vörös Tenger = Red Sea = Mar Vermelho
Vörösréz = copper = cobre (isso explica os cabelos ruivos serem vörös, certo?)
Se tiverem um tempinho, visitem o dicionário online
http://szotar.sztaki.hu/magyar-angol
que tem 106 verbetes para „vörös” e 39 para „piros”.
Quem vai jantar comigo, afinal?
As respostas, portanto:
Folhas caídas – vörös, ou "vöröses" para ser mais exato = avermelhado
Roupa do Papai Noel – piros, sem dúvida alguma, assim como o logotipo da Coca-Cola, que – caso voces não saibam – foi quem „criou” a roupa do Papai Noel desta cor numa campanha publicitária no início do século passado… e a moda pegou.
A Praça Vermelha é Vörös Tér, assim como tudo o que tem a ver com o proletariado e o Movimento Comunista (bandeiras de países de esquerda, nomes de clubes ou associações fundados no Século XX, a estrela vermelha, o lenço dos „pioneiros” e outros símbolos diversos).
O nariz de um bêbado é „piros orr” (pelo menos é o que me soa melhor) mas após uma pesquisa na internet descobri que „vörös orr” também já foi usado pelo escritor Jókai – e ele conhecia o húngaro muito bem... ;-) Sugiro portanto cancelar esta questão.
A vergonha estampada na cara certamente é „vörös”.
Uma gravata é piros mas não seria incorreto chamá-la de vörös. Suponho que as pessoas não o façam no dia-a-dia por que „vörös nyakkendő” (literalmente: gravata vermelha) denotava o lenço vermelho dos „pioneiros” (a versão comunista do escotismo), de formato triangular.
A Ferrari é piros, assim como qualquer outro veículo: trolebus, automóvel, bicicleta ou os bondes de Viena. Como todos sabem, em Budapeste os „villamos” são amarelos.
Tinta de caneta é piros, mas existe „vörös festék” com a qual você pintaria os lábios de alguém – ou um manto real – numa tela. Quando um aluno primário faz algo de BOM na sala de aula, ele recebe um „piros pont” da professora, isto é, um pontinho vermelho que ela desenha carinhosamente na caderneta.
O esmalte de unhas é – na maioria das vezes – vörös, assim como lábios vermelhos são „vörös ajkak” mas, por incrível que pareça, você geralmente compra um batom piros. Notem que batom em húngaro é „rúzs”, que vem do francês rouge.
Botas são piros (essa foi a primeira pegadinha) e o termo „piros csizma” é muito comum nos contos de fadas ou canções folclóricas.
Um cinto, uma bolsa ou um casaco de couro também seriam todos piros.
Dragão Vermelho é Vörös Sárkány, a chama (láng) que sai da boca de um dragão também é vörös, mas sabemos que o simples fogo (tűz) é piros. Vai entender…
Telha é „piros cserép”, mas aqui está novamente „meu ouvido falando mais alto”. Posso estar enganado.
Botão (tanto o de apertar, como o da camisa) é piros.
Tomates e morangos são piros, assim como cerejas.
Vinho é sempre „vörösbor”.
Cartão vermelho é „piros lap”.
As luzinhas piscantes num equipamento médico são piros, mas a luz infravermelha é infravörös.
Aqui vem a segunda pegadinha: embora o sangue seja piros, os glóbulos vermelhos são „vörös vérsejtek” onde vér = sangue, sejt(ek) = célula(s). Não me perguntem o porquê. Aliás, para confundir ainda mais, se alguém quiser realçar que algo é BEM vörös (bem vivo), ele usa o termo „vérvörös”.
Papel de presente é piros.
Consultei um dicionário húngaro-inglês e achei as seguintes definições:
Piros = red
Piros arc = rosy face
Pirosbetűs ünnep = Red-letter day (feriado)
Ajkat (vagy arcot) pirosít = to put on lipstick (or rouge)
Pirosság = redness, pinkness (!)
Vörös = red, crimson, ruby, ruddy, flushed
Vörös posztó = red rag (to the bull) = o pano vermelho do toureiro
Vörösödik = to blush
Vörös Tenger = Red Sea = Mar Vermelho
Vörösréz = copper = cobre (isso explica os cabelos ruivos serem vörös, certo?)
Se tiverem um tempinho, visitem o dicionário online
http://szotar.sztaki.hu/magyar-angol
que tem 106 verbetes para „vörös” e 39 para „piros”.
Quem vai jantar comigo, afinal?
November 20, 2005
Afinal, será piros ou vörös?
Pessoal… como o final de semana está aí e todo mundo quer se divertir, aqui vai um teste. Quem acertar dezoito (ou mais!) questões ganha um jantar quando vier a Budapeste! É só „chutar” 22 vezes se você acha que é „vörös” ou „piros”:
Aqui em Budapeste o outono está terminando e as folhas avermelhadas (……) das árvores já estão todas no chão. O Natal está quase aí e o Papai Noel também, que aqui se chama Mikulás. A roupa do bonachão será sempre (……), mesmo que ele entregue os presentes em Moscou, onde a Praça Vermelha é (……). Uma das renas, a que bebe aguardente, tem o nariz (……) e quando é surpreendida tomando umas e outras, fica (……) de vergonha. Se o Papai Noel for a uma reunião de negócios e tiver que colocar uma gravata, esta será (……). Obviamente ele não poderá chegar de trenó na reunião, só de Ferrari, que é (……). E a caneta esferográfica com a qual ele vai sublinhar os erros do contrato contém tinta (……). Digamos, que saindo da reunião ele descobriu que roubaram o seu automóvel e teve de seguir viagem de trolebus, que é (……). Lá o Papai Noel viu uma bela moça que usava esmalte (……) nas unhas e calçava lindas botas de cor (……). Convidou-a para jantar num restaurante chinês chamado Dragão Vermelho (……… Sárkány), facilmente reconhecível pois no meio de tantos prédios naquela rua era a única casa com telhas (……). Antes de descerem do trolebus tiveram que apertar um botão (……) indicando a intenção de desembarcar. No restaurante comeram uma salada de tomates de cor (……), tomaram vinho (……) e degustaram morangos (……). Combinaram de se encontrar outras vezes. Foram a um jogo de futebol onde o juiz mostrou vários cartões (……) para os jogadores indisciplinados e como a moça era médica, levou-o ao hospital onde trabalhava para mostrar um novo equipamento que tinha acabado de chegar. Este tinha várias luzinhas (……) que piscavam sem parar, mas continha também uma lâmpada de luz infravermelha (infra………). Conversaram longamente sobre os glóbulos vermelhos (……) do sangue e logo em seguida o Papai Noel se despediu e partiu, pois tinha que distribuir os presentes embrulhados em papel (……)... Tá fácil, né??
Pesquisando os vermelhos...
Fiz uma rápida pesquisa sobre o uso do piros e do vörös. Peço que vocês aí no Brasil tentem achar alguma lógica na lista que segue pois eu não achei nenhuma… por enquanto. Uma raposa, um cachorro ou a penugem de uma ave será sempre vörös. Lábios com batom podem ser tanto piros como vörös, embora neste caso a palavra „vörös” dê aos lábios uma conotação levemente sexy. Uma maçã é sempre piros, assim como a páprika = piros paprika. Mas um primo distante do nosso feijão roxinho aqui é chamado de vörösbab e existem dois tipos de cebola na Hungria: uma bem lilás e escura, apropriadamente chamada de lila hagyma, a outra (mais comum) é conhecida por vöröshagyma. Carne vermelha é vörös hús. A Cruz Vermelha é a Vöröskereszt, o tapete vermelho que recepciona pessoas ilustres é vörös szőnyeg, a estrela vermelha do PT é vörös, assim como uma das faixas horizontais na bandeira multicolorida do Movimento Gay também... Cabelos ruivos são vörös… mas lá no início eu já mencionei a cor ruiva da raposa, portanto aqui vejo uma associação. O efeito „olhos vermelhos” quando se tira uma foto com flash também é „vörös szem”, suponho que por causa do sangue. Agora… o vermelho de um semáforo é sempre piros, uma bola também, seja ela de plástico ou de bilhar. Uma flor pode ser de ambas as cores, mas uma vörös rózsa „contém mais emoção” que uma piros rózsa, pelo menos para os meus ouvidos hunos… Um automóvel, uma bicicleta ou uma lancha será sempre piros e os ovos de Páscoa pintados à mão são conhecidos como piros tojások, embora nos vilarejos – para que a cor fique uniforme – os ovos são guardados durante um dia numa água na qual a cebola foi cozida… e cebola é vörös, conforme já expliquei antes. A placa de PARE é piros, o fogo também é piros, o carro de bombeiro também. Frutas em geral são piros, mas frutas silvestres são vörös. Vocês vêm alguma analogia nisso tudo???
November 19, 2005
Quantos vermelhos existem?
Uma dica imperdível para quem quiser conhecer um pouco mais a língua magyar:
http://en.wikipedia.org/wiki/Hungarian_language
O parágrafo sobre „os dois vermelhos” é muito interessante. Uma rosa vermelha simbolizando o amor será sempre „vörös” enquanto a primeira faixa horizontal da bandeira húngara é chamada de „piros”. Curiosamente a bandeira da China é „vörös” assim como o vinho tinto é „vörösbor” e uma pessoa ruiva também é „vörös”. Se formos fuçar um pouco a origem dos dois quase-sinonimos descobriremos que vörös vem de veres = ensangüentado (vér = sangue) e que pír = rubor, conseqüentemente piros = ruborizado. Mas ainda não descobri qual a lei que rege o uso dos vermelhos por aqui. Só sei que o vermelho Coca-Cola sempre será piros, o graças a Deus para sempre extinto Exército Vermelho era chamado de Vöröshadsereg e – pasmem! – nosso sangue sempre será „piros”! (Em tempo: "piros" significa fogo em grego)... será que tem algo a ver?
November 18, 2005
O doce início
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