November 27, 2005

Desarmamento (uma visão histórica)

Maoris x Morioris (por György László Gyuricza)

Um bom exemplo das “vantagens” de se ter uma índole pacífica e de andar desarmado, é o seguinte fato histórico, fartamente documentado (Guns, Germs and Steel, Jared Diamond, Editora Vintage, 1998) ocorrido na região do Oceano Pacífico.

O povo moriori, habitante das Ilhas Chatham, 500 milhas a leste da Nova Zelândia, tinha uma tradição de séculos de independência, até dezembro de 1835.

Em 19 de novembro daquele ano, um navio carregando 500 maoris armados com lanças, machados e cacetetes, desembarcou na ilha, seguido em 5 de dezembro de uma nova leva de mais 400 maoris.

Assim que desembarcaram, os maoris montaram um acampamento protegido na praia, prevendo eventual fuga pelo mar, caso fossem rechaçados pelos morioris.

Uma vez em razoável segurança, enviaram grupos de maoris fortemente armados, aos assentamentos dos morioris, anunciando que estavam tomando posse da ilha e que doravante os morioris seriam seus escravos e teriam que obedecer em tudo que lhes fosse mandado, com a ameaça de matar todos aqueles que se opusessem.

Uma resistência organizada pelos morioris certamente teria vencido os maoris, que estavam em desvantagem numérica de dois para um. No entanto, os morioris tinham uma tradição de resolver suas disputas pacificamente. Assim, eles se reuniram em conselho, e decidiram não revidar e sim oferecer paz e amizade. Entregariam toda sua parca riqueza e, se necessário fosse, dividiriam de bom grado seus recursos com os novos amigos. A ilha era grande o suficiente, para acomodar de boa vontade todas as pessoas.

Assim que os moriori anunciaram sua oferta, os maoris exultaram de alegria. Pediram que o conselho enviasse os mais fortes morioris para o acampamento na praia, onde seriam realizados jogos de amizade e selada a paz entre os dois povos.

Assim que os morioris chegaram, desarmados obviamente, foram atacados em massa. No curso de algumas poucas horas, os maoris mataram centenas deles, e cozinharam e comeram a maioria dos corpos.

Vencida qualquer possível resistência, escravizaram os demais. No decorrer dos próximos anos praticamente toda a população adulta foi simplesmente devorada. As crianças reunidas em chiqueiros de engorda, foram consumidas aos poucos, como petisco. Somente as moças sobreviveram: tiveram o destino óbvio de servir de mulher e parir filhos para os novos donos da ilha.

Um sobrevivente moriori assim relatou o ocorrido: “Os maoris começaram a nos matar como ovelhas. Nós estávamos aterrorizados, refugiávamo-nos no mato, escondíamo-nos em buracos no subsolo e em qualquer lugar para escapar dos nossos inimigos. Mas nossos estratagemas não foram de grande proveito: éramos descobertos e mortos – homens, mulheres e crianças, indiscriminadamente”.

Um conquistador maori deu a seguinte explicação: “Não fizemos nada demais. Só tomamos posse da ilha. Capturamos toda a população. Nenhum escapou. Alguns tentaram se esconder, estes nós matamos, os outros também matamos, mas e daí? Agimos de acordo com nossos costumes – e eles eram mais fracos do que nós”.

É isso, amigos. Vamos entregar nossas armas e jamais reagir quando somos assaltados. A melhor política, segundo nossas “autoridades”, é sempre obedecer ao agressor. Sem dúvida eles vão exultar de alegria.

Antes que paire alguma dúvida sobre minha posição: sou absolutamente a favor do desarmamento dos bandidos. Assim que todos eles estiverem desarmados, aceito até falar sobre o que fazer com minha arma de fogo.

Quanto ao tratamento a ser dado aos bandidos, acho que dá para resolver o problema, mesmo sem pena de morte. Sou a favor de castrar todos eles, começando pelos meninos infratores da Febem. Acredito que a esmagadora maioria deles perderia a agressividade e deixaria de ser uma ameaça à população. E quais seriam as conseqüências se, de setenta milhões de brasileiros homens, duzentos, trezentos mil ficassem estéreis? Você vê alguma desvantagem? ... a não ser a de contrariar os defensores dos direitos humanos? Pena não poder enviá-los às Ilhas Chatham para negociar com os maoris.

4 comments:

Anonymous said...

Antes de abrir este blog coincidentemente recebo um comunicado da nossa associação de bairro alertando para uma nova onda de assaltos a mão armada. Com a Anna Barbara chegando, não é uma boa notícia, não é?

Anonymous said...

Gyuri,
o Frajuto, do blog lab.of.ideas (http://lab.frajuto.org/) também citou esse seu texto na época do referendo. :-)

Anonymous said...

Anna,
Na época do desarmamento enviei o texto para uns amigos. Daí talvez ter aparecido no frajuto (citou meu nome?) <°!°>

Anonymous said...

Gyuri,
fui eu quem mandou o seu texto pra ele, dias depois do Gábor tê-lo mandado pra mim. (O texto aparece com créditos, sim.) Parabéns e abraços!