December 01, 2005

A maior inflação da História






Outro dia deparei-me com o interessante site intitulado „As reencarnações da moeda brasileira”

http://antonioluizcosta.sites.uol.com.br/moeda_brasil.htm

onde o autor afirma que „nominalmente, um real …. equivale a …. 2,75 quintilhões de réis dos velhos tempos, 2,75 quatrilhões de cruzeiros (ou mil-réis), 2,75 trilhões de contos (ou cruzeiros novos), 2,75 bilhões de cruzados, 2,75 milhões de cruzados novos ou 2.750 cruzeiros reais.”

Para os que se lembram das nossas inflações mensais de 40, 50 ou de até 60 por cento a situação econômica do país hoje em dia parece o Paraíso.

Mas qual terá sido a maior inflação da História? Será que foi a alemã no início dos anos 20 quando os preços dobravam de dois em dois dias e o índice de inflação chegou a 3.250.000% ao mês? Ou foi a da Grécia, durante a ocupação alemã (1941-44), quando os preços dobravam a cada 28 horas e o índice mensal foi de 8.550.000.000%?

Nenhuma das duas… Foi aqui mesmo, na Hungria, logo após o término da Segunda Guerra Mundial (1945-46). No último dia da moeda os preços dobravam a cada 15 horas, o equivalente a 4,19% × 10 elevado à 16ª potencia!

Vamos traduzir isso para que nós, leigos, entendamos: em agosto de 1945 um quilo de pão custava 6 pengő, em outubro passou a custar 27, no início de novembro 80, no finalzinho do mês 135, na primeira quinzena de dezembro 310, na segunda quinzena 550, passou para 700 no início de janeiro de 1946, no final do mês já estava em 7.000, no início de maio 8.000.000, no finalzinho do mês 360.000.000, e em junho chegou a 5.850.000.000 pengő.

E as cédulas? Foram sendo emitidas com uma velocidade incomum. No dia 5 de abril de 1945 foram emitidas as de 50 e 100 pengő. No dia 15 de julho já lançaram as de 1.000 e 10.000 pengő, no dia 16 de novembro as de 1.000.000 e 10.000.000 (dez milhões de pengő).

No dia 29 de abril de 1946 novas notas foram emitidas: 10.000.000.000 e 100.000.000.000 (dez mil milpengő e cem mil milpengő, ou 10 bilhões e 100 bilhões de pengő). 35 dias depois, no dia 3 de junho, sete novas cédulas (as últimas da série) tiveram que ser lançadas pois as anteriores não valiam mais nada: a primeira tinha 14 zeros depois do um e a última trazia 20 zeros!

O povo, bem-humorado como sempre, chamou a nota azul de „kis Bözsi” (Betinha) e a amarela de „nagy Bözsi” (Betona) pois as cédulas continham o retrato de uma camponesa.

Finalmente, no primeiro dia de agosto de 1946 introduziram o forint, que persiste até hoje: uma moeda de um forint (1 Ft) podia ser comprada a 400.000.000.000.000.000.000.000.000.000 pengő (podem contar, são 29 zeros). Os preços, de repente, ficaram bem mais „acessíveis”: um quilo de pão passou a custar 0,96 Ft, 1 quilo de batata 0,43 Ft e o salário mínimo ficou por volta de 130 Ft.

Hoje em dia, 60 anos depois, com 220 Ft você compra um dólar americano. Parece que a moeda deu certo, assim como o nosso real.

2 comments:

Anonymous said...

Nossa!!!! Foi um alívio saber que não é só no Brasil quie certas coisas acontecem!!!!!!

Anonymous said...

Procurei mas não achei fotos da inflação alemã ou de quaisquer outras onde fosse ver como o papel moeda torna-se cada vez mais inútil num cenário de inflação descontrolada.

Você sabe onde poderia encontrar?